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António Alçada Baptista

Reflexões sobre a Igreja em Portugal

Agora tenho forçosamente que falar na Igreja e é justo que o faça. Creio que não é possível traçar hoje, com um mínimo de sinceridade, o itinerário espiritual do adolescente da burguesia portuguesa sem que a Igreja e tudo o que ela significa se não atravesse forçosamente no caminho para o melhor e para o pior. A Igreja dá-me muito que pensar, pois, se é verdade que me provocou dolorosas equimoses, verdade é também que nela encontrei criadoras perspectivas e por sua causa algumas vezes fui capaz de viver momentos de grande verdade com pensamentos, com palavras, com pessoas, com acções.

Se a Igreja nos não tivesse prometido tanto, seríamos talvez mais indulgentes ao acusá-la hoje daquilo que não cumpriu, mas temos de reconhecer que o imenso peso do homem decaído se revelou assustadoramente na presença da Igreja no mundo, muito particularmente neste mundo português.

Eu procuro ser sereno. Há muito que me vou convencendo de que a vida humana, ou é duma mediocridade golpista e irresponsável, ou é o estrondo dum imenso fracasso que nos leva às vezes, com boas intenções, a apanhar do chão à conta de preciosidades meia dúzia de cacos de discutível valor. Eu sei que é muito mais importante aquilo que a Igreja significa do que aquilo que ela realmente é, mas não nos podemos admirar que as pessoas sejam mais sensíveis à forma concreta da sua presença de que ao escondido tesouro que diz possuir, de tal modo escondido que ás vezes somos tentados a perguntar se não se teria esquecido do lugar onde o deixou.

 

A pergunta que mais tenho feito a mim próprio é se a Igreja que me interessa deve ser esta comunidade organizada em instituição, com seus quadros e suas repartições, com acessos, concursos e processos disciplinares, ou se deve ser constituída pela comunidade dos homens de boa vontade e de recta intenção que se deixam incarnar pela presença ao mesmo tempo forte e discreta do Santo Espírito de Deus. Como não tenho ainda resposta para isto, porque qualquer das alternativas tem o seu sim e o seu não, admito que a Igreja terá que ser esta ambiguidade dialéctica que avança ao longo da história com suas dóceis e tosquiadas ovelhas, com seus santos e tarados, com suas grandezas e misérias, seus burocratas e seus homens livres, com seus zelosos e cinzentos funcionários e seus rebeldes, com a sua marca humana, tremendamente humana, a pesar abafante sobre a irrupção saudável do grande sopro de Deus.

 

Analisar a situação da Igreja em Portugal poderia ter para mim algum melindre se a ela me não ligassem coisas muito profundas que tocam exactamente naquilo que a minha concepção de vida tem como essencial. Tentar arranjar critérios benevolentes ou disfarçar os juízos que temos que fazer sobre uma comunidade onde está implicada a nossa consciência e, consequentemente, as nossas razões vitais, é uma leviandade que não quero cometer. Por essa razão, a análise da situação da Igreja em Portugal é, muito principalmente, a análise do estado a que chegámos, e sobretudo do estado a que nos deixámos chegar. Todos somos responsáveis pela nossa comunidade, excepto as crianças e os doentes mentais, e talvez cheguemos à conclusão de que foi uma coisa ou outra aquilo que fizemos de nós próprios. Por isso me vou colocar na óptica da própria Igreja, sem prévias e pertinentes perguntas metafísicas, mas exactamente colocando-a na missão de que se reclama e nas razões por que a cumpriu mal.

 

Fui educado na Igreja na toada maniqueia dos bons que todos éramos a defendermo-nos dos maus que eram todos os mais. A Igreja aparecia-me assim como uma santa senhora, bondosa e esmoler, que avançava pelos caminhos da vida recebendo os apupos dos ímpios, as pedradas dos lacaios, as injúrias dos malfeitores, e ela, coitadinha, sempre muito santa, sempre muito digna, a continuar serenamente a consolar os aflitos, a «pensar» os chagados, a remir os cativos, e, com o seu arzinho beato, entre compreensivo e displicente, a mandar o seu olhar cúmplice para o Pai e a murmurar-lhe entre dentes, enquanto soerguia os ombrinhos seráficos: «Perdoa-lhes, pai, eles não sabem o que fazem…»

Mas esse arzinho humilde e paciente deixava escapar a suficiência orgulhosa de quem no fundo queria era dizer «…eles não sabem o que fazem, mas eu sei!»

«Eu sei». A Igreja para nós, os de dentro, era a suficiente Senhora Sabe Tudo, que a tudo queria dar irrespondível resposta perante a ingenuidade basbaque dos meninos de catequese que todos éramos – homens, mulheres e crianças – e que ela assim queria e que consolava a chamar-nos «dóceis, humildes e mansos como pombas».

«Eu sei». Aqui estava a sua enorme fraqueza e a sua enorme insegurança, e por aí se revelava o seu desmedido pavor perante o mundo que avançava com suas constantes interrogações, suas descobertas, suas conquistas e suas afirmações e para quem ela não estava preparada. Como e porquê isto assim aconteceu?

 

Não sou daqueles que procuram fugir a enfrentar os grandes problemas do presente fazendo ao passado graves acusações ou gloriosas evocações. A reflexão sobre a história pode ajudar-nos quando através dela se procura a origem e consequente formação de fenómenos que nos afectam e que, normalmente, não brotam espontaneamente do tempo que estamos a viver.

Dizer que a Igreja em Portugal viveu em situação de privilégio é constatar um facto que nada tem de especialmente infamante dados os usos e os costumes das circunstâncias históricas que nos rodearam. Pretender reagir a essa verificação esquecendo alguns grandes serviços que a Igreja prestou é colocarmo-nos numa atitude passional a que eu gostaria de fugir.

A Igreja em Portugal encontrou-se com situações de privilégio patrimonial, privilégio político, privilégio de poder não-político, privilégio social. Fundar uma nacionalidade em forma de cruzada conta os sarracenos comandados pelo demónio disfarçado de Mafoma e continuá-la em forma de descobrimentos em que se arrancava o gentio das trevas do paganismo para a luz do Senhor tinha fatalmente que implicar uma tal confusão de cruzes e espadas que eu, por mim, confesso, se estivesse metido nisso, algumas vezes havia de dar comigo a abençoar-me com a espada e a desancar os outros com a cruz. Estas características tiveram consequências a diversos níveis no que diz respeito:
- à confusão do poder político e do poder religioso;
- à predominância do catolicismo catequístico sobre o catolicismo contemplativo e interrogativo;
- à imposição do catolicismo como fenómeno monopolístico na vida espiritual, na cultura, na assistência, na educação, nos comportamentos.

Daí que estes privilégios, que começaram por ser os habituais que a Igreja possuía na Europa do tempo, não tivessem a correcção e a purificação que lhes poderia ter vindo da formação e da actuação de outras correntes de pensamento cuja formulação em termos de eficácia (competência na reflexão e na acção) teria sido sociologicamente relevante.

A reacção extrema, primária e jacobina, estava exactamente à medida do opositor e iria provocar um mecanismo de defesa igualmente agressivo, que não é a forma normal da purificação. E, paralelamente, esta oposição colocava-se numa zona puramente verbal pois, no subconsciente, aceitava-se da Igreja a sua moral, a sua pedagogia, a sua paternidade espiritual e, algumas vezes, à vinda do comício ou da redacção do panfleto, esperavam-se as filhas que regressavam dos colégios das freiras onde recebiam a educação da alma e da mente.

É preciso reconhecer por isso que, durante muitos anos, não existiu em Portugal uma tradição moral uma tradição de educação, com reflexos visíveis na nossa sociedade, que estivesse fora da Igreja e, se isso foi prejudicial à vida portuguesa, foi-o sobretudo à Igreja em Portugal, que assim foi criando uma situação monopolistíca, anti-competitiva, anti-purificadora, exactamente nas zonas onde se poderia formar uma consciência nacional: na cultura, na moral, na educação, na vida política, na vida espiritual. O primarismo das reacções iria necessariamente acentuar o primarismo da Igreja e sinto-me tentado a dizer até que a libertação que foi fazendo da sua situação de obscurantismo se deve Maios à problemática que lhe foi imposta por correntes de pensamento católico estrangeiro ou pelas exigências que lhe foram feitas por elementos da aus própria comunidade do que pela actuação sistemática duma presença reflexiva e não demagógica com que os não católicos a tenham enfrentado.

Assim chegámos a esta situação: uma Igreja que, sociologicamente, constitui uma força poderosa e que, durante muitos anos, obteve uma situação de monopólio em zonas determinantes da vida portuguesa. Esse monopólio não só não foi obtido através duma reflexão competitiva, como também, por comodidade, não deu lugar a uma auto reflexão igualmente purificadora.

Quando uma comunidade é afectada por uma situação deste tipo, ela sofre dum estado pré-letal, revelador do desencontro com aquilo que seriam as suas grandes razões de viver. Os seus quadros dirigentes não são preenchidos pela competência mas por outros processos de acesso a formas de autoridade, porque a competência, sendo normalmente humilde, auto-exigente e ingénua, com facilidade é preterida por formas de mediocridade moral ou profissional, que podem dar a ilusão de prestígio, de severidade e de «confiança», que são as qualidades requeridas para os «chefes». Esta força dirigida por quadros medíocres teve a enfrentá-la outras formas de mediocridade. O clima de perseguição originaria naturalmente o mecanismo de defesa e os pseudo-valores «táctica», «oportunidade» e «segurança» tomariam naturalmente os lugares dos valores «afirmação», «verdade», «competência», «exigência» e «risco». Numa palavra, como em qualquer grupo social não qualificado, a Igreja procurou a sua sobrevivência na «estratégia» e não na mensagem contida na promessa do Pai. E então, dentro do mesmo quadro de consequências, inverteram-se as próprias posições: o «grupo sociológico Igreja», poderoso por herança mas incapaz de reencontrar as suas profundas razões de viver, estava em condições óptimas para se entregar a quem não só lhe garantia a segurança mas até lhe fornecia as ideias e as formas de pensar, deixando-a ficar sentada, física e mentalmente, a justificar a sua boa consciência ministrando subprodutos de religião e de vida moral.

É evidente que isto, que é sociologicamente explicável, não pode ser ideologicamente recomendável.

Quando, há cerca de vinte anos, comecei a olhar a Igreja portuguesa com um certo juízo crítico, que até então não ousara, fui levado a verificar que ela era substancialmente constituída por uma adesão colectiva a formas mais ou menos respeitáveis e convencionais, motivada por certa moleza, quiçá certa cobardia, de inteligência ou de vontade. A muitos níveis deixara de haver formas de Fé para dar lugar a formas de adesão ou convencimento irreflectido, motivadas por razões que iam da insuficiência à cobardia intelectual e moral, aos diversos estádios de degradação na procura da Verdade, desde a negligência à mentira. Menos do que uma actuação e um testemunho informado pela Fé, assistíamos a um cepticismo prático, e no domínio da vontade não se notava a actuação consciente duma inteligência esclarecida e convencida e que podia ser motor e garantia duma acção vivida em emoção, desejo, compromisso, generosidade, ascese e entusiasmo ao serviço de Deus, mas uma vontade mais ou menos forçada donde se não expulsaram os vermes da astúcia, do interesse, da contemplação de si mesmo. Qualquer outra coisa ainda não determinada passara a ocupar na alma humana o lugar da Fé e a comunicação religiosa prosseguia pró formas alienadas que iam da superstição ao terror, do refúgio às conveniências, da impotência à obtenção do santo e da senha para o ingresso em certo tipo de sociedade onde a estabilidade é possível e provável o triunfo.

 

Deste modo me parecia que aquilo a que se chamava a crise da Igreja em Portugal era a zona por onde mais evidentemente se manifestava a tremenda crise da cultura que globalmente nos afectou e afecta. Num esquema de cultura onde todos estão de acordo em reduzir a sua actuação ao cumprimento de prescrições formais, observa-se o estado mortal que traduz a ausência escandalosa, a ausência transcendente da sua significação mais profunda, da sua razão essencial. E dizer que esta ausência, esta morte interior, marca profundamente uma colectividade, é quase uma redundância.

Esse fenómeno de crise de consciência cristã teve de positivo a revelação estrondosa do fracasso do nosso catolicismo estatístico e de como eram frágeis as bases em que se pretendia alicerçar uma comunidade que não fazia ideia nenhuma dos fundamentos da sua própria Igreja nem da natureza da comunicação religiosa.

Porque a Igreja em Portugal teve o monopólio da cultura, ela teve algumas responsabilidades nessa grave crise cultural e, simultaneamente, tinha que sofrer as suas consequências na parte que lhe dizia respeito. Porque o mais grave não está exactamente nos problemas que a Igreja hoje enfrenta no mundo e na crise que ela globalmente está a sofrer: uma comunidade não pode estar isenta de crises e, em certo sentido, são elas até muito desejáveis, mas começamos a ficar preocupados quando verificamos que a comunidade não está de modo nenhum preparada para as enfrentar e resolver.

Ora a crise da vida portuguesa iniciou-se, a meu ver, quando a civilização a pouco e pouco deixou de ser conduzida pelas linhas da intuição, do lirismo espontâneo, do romantismo aventureiro, e passou para a via da reflexão, da razão e do conhecimento. A perseguição dos heterodoxos na defesa da segurança do sistema leva, paradoxalmente, a longo prazo, à morte do próprio sistema. Termos morto à sua nascença os pequenos rebentos do iluminismo que brotaram no nosso país conduziu-nos ao completo desapetrechamento para enfrentar agora o processo da própria razão.

Assim, afigurava-se-me que a crise da Igreja em Portugal tinha como razão profunda a inexistência de reflexão e conhecimento teológico, o que iria marcar a vida cristã com o erro duma acção desprovida de ideologia profunda. A prática da vida cristã não baseada no conhecimento e na indagação purificada da comunicação religiosa iria necessariamente ter graves repercussões, que ao nível das relações dos católicos dentro da sua própria Igreja, quer ao nível das formas e dos resultados práticos da actuação dos católicos na vida da cidade, quer ainda ao nível das suas relações com os não católicos. De toda esta decadência resultou necessariamente:

- ou um desleixo e um desinteresse de tudo o que significa para o homem o seu conhecimento e o seu progresso, e que na vida cristã se traduziu pela apatia e pela conformação formal do catolicismo estatístico, o que deu origem á situação escandalosa de, durante muitos anos, as linhas da libertação, do progresso interior, do conhecimento, do humanismo prático, em suma, da procura da Verdade, terem sido efectivamente conduzidas por não católicos, com todo o peso e o prejuízo do jacobinismo primário ou qualificado.

- ou a manifestação alienada, irreal e académica das opções formais de pseudo-intelecto e de comportamento, que pretenderam reactivar uma vida cristã com novas formas de obscurantismo e de academismo religioso;

- ou a existência traumatizada e angustiada dos que não foram capazes, nem da cobardia dos que deixaram de viver com exigência, nem da mediocridade dos que conseguem viver de boa consciência com subprodutos de religião e de vida moral o que constituiu a grande zona das «crises individuais de Fé»: todos aqueles para quem, em determinada altura, «a declaração de ateísmo» acabou por ser uma tentativa de tranquilidade de consciência e de coerência interior.

 

Como já disse, esta a situação em que encontrei a Igreja quando, há cerca de vinte anos, pude enfrentá-la com um olhar que até lá me não atrevera a levantar. E aconteceu também, por essa altura, que as perspectivas de reestruturação da vida religiosa portuguesa pareciam merecer-nos algum optimismo. Parecia que se ia tomando consciência dos fundamentos frágeis em que estava assente a nossa vida religiosa e, aqui e ali, quer pelo esforço feito na formação do clero, quer na reestruturação dos próprios movimentos de Igreja, quer na qualificação do laicado admitido à colaboração e na forma e na liberdade da intervenção que lhes parecia ter sido dada, julguei que se abriam perspectivas que poderiam levar á intervenção digna do cristão na Igreja e na comunidade. Infelizmente não aconteceu assim. A dinâmica natural e consequente da actuação qualificada dos novos quadros com o seu novo espírito iria naturalmente pôr em questão os suportes desta estrutura, e isso é que não estava programado. Assim, a abertura e a qualificação imprimida à vida da Igreja em Portugal, que parecia ser o reconhecimento de um erro e da necessidade de o corrigir, podem ser interpretadas como uma astúcia da própria segurança que reconheceu não ser possível manter-se dentro do primarismo em que vivia, mas que, em nome da mesma segurança, não aceitou depois as consequências naturais da opção que tomou. Creio que é importante reflectir por que terá acontecido assim e quais as possibilidades que vemos para enfrentar agora uma crise que não vem tanto duma errada, infantil e irresponsável vivência da vida religiosa, como acontecera até então, mas que afronta as próprias estruturas da Igreja naquilo que parecia constituir o essencial.

António Alçada Baptista

in Peregrinação interior, vol. I, Moraes Editores, Lisboa, 1972, 3.ª ed.

Publicado em 28.11.2007

 

 

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António Alçada Baptista















Eu sei que é muito mais importante aquilo que a Igreja significa do que aquilo que ela
realmente é, mas não nos podemos admirar que as pessoas sejam mais sensíveis à forma
concreta da sua
presença de que ao escondido tesouro
que diz possuir, de tal modo escondido que ás vezes somos tentados a perguntar se não se
teria esquecido do lugar
onde o deixou

 

 














A análise da situação da Igreja em Portugal
é, muito principalmente,
a análise do estado
a que chegámos, e sobretudo do
estado a que nos
deixámos chegar





















A Igreja para nós, os de dentro, era a suficiente Senhora Sabe Tudo,
que a tudo queria dar irrespondível resposta perante a ingenuidade basbaque dos meninos de catequese que todos éramos – homens, mulheres e crianças –
e que ela assim queria e que consolava a chamar-nos «dóceis, humildes e mansos como pombas»




















Durante muitos anos,
não existiu em Portugal uma tradição moral uma tradição de educação,
com reflexos visíveis na nossa sociedade, que estivesse fora da Igreja
e, se isso foi prejudicial
à vida portuguesa, foi-o sobretudo à Igreja
em Portugal





















O monopólio da Igreja
não só não foi obtido através duma
reflexão competitiva,
como também, por
comodidade, não deu lugar a uma auto reflexão igualmente purificadora





















Como em qualquer
grupo social não qualificado, a Igreja
procurou a sua sobrevivência na «estratégia» e não na mensagem contida na promessa do Pai




















A muitos níveis
deixara de haver formas de Fé para dar lugar a formas de adesão ou convencimento irreflectido, motivadas
por razões que iam da insuficiência à cobardia intelectual e moral, aos diversos estádios de degradação na procura
da Verdade, desde a negligência à mentira


















Num esquema de
cultura onde todos
estão de acordo em reduzir a sua actuação
ao cumprimento de prescrições formais, observa-se o estado mortal que traduz a ausência escandalosa, a ausência transcendente
da sua significação mais profunda, da sua
razão essencial


















Porque a Igreja em Portugal teve o
monopólio da cultura,
ela teve algumas responsabilidades nessa grave crise cultural e, simultaneamente, tinha que sofrer as suas consequências na parte que lhe dizia respeito


















A dinâmica natural
e consequente da actuação qualificada
dos novos quadros
com o seu novo espírito iria naturalmente pôr em questão os suportes
desta estrutura,
e isso é que não
estava programado



















A abertura e a
qualificação imprimida
à vida da Igreja em Portugal, que parecia
ser o reconhecimento
de um erro e da necessidade de o
corrigir, podem ser interpretadas como uma astúcia da própria segurança que reconheceu não ser possível manter-se
dentro do primarismo
em que vivia, mas que,
em nome da mesma segurança, não
aceitou depois as consequências naturais
da opção que tomou

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