Pastoral da Cultura em movimento
Portugal, de novo

Bíblia, diálogo Igreja-mundo, identidade nacional e cultura clássica nas IV Jornadas da Pastoral da Cultura

O bispo do Porto e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, D. Manuel Clemente, disse em Fátima que a sociedade portuguesa faz o investimento maior no ensino tecnológico e da ciência. Mas isso, sendo "tudo muito certo, é tudo insuficiente". "Corre-se o grande risco de perder a valência humanista", afirmou o bispo.

D. Manuel Clemente falava na atribuição do Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes, atribuído à professora universitária de Estudos Clássicos em Coimbra Maria Helena Rocha Pereira. A herança clássica pode "ser tragicamente esquecida", avisou, pois há um "gritante desconhecimento" do que ela significa na cultura portuguesa.

A homenageada respondeu que a cultura clássica está nos alicerces da Europa e das outras culturas que dela derivam. "Podem muitos dos nossos contemporâneos esforçar-se por esbater ou renegar essa dimensão, mas fazê-lo é renegar a história." E ignorar o que se passou antes de nascer "é permanecer sempre criança".

Rocha Pereira defendeu que o grego e o latim "desenvolvem o raciocínio" e das duas línguas brota "toda a linguagem científica". Autora de mais de 300 trabalhos, Rocha Pereira destacou o facto de ser distinguida com um prémio que leva o nome de Manuel Antunes, o padre jesuíta cuja obra completa está a ser reeditada pela Gulbenkian. "Legou-nos uma herança difícil de ultrapassar", disse, referindo-se ao professor da Faculdade de Letras de Lisboa, autor, entre muitos textos, de Repensar Portugal.

A entrega do prémio decorreu no final das jornadas do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, que contaram com a intervenção do presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), arcebispo Gianfranco Ravasi.

De manhã, Ravasi anunciou que está a estudar a possibilidade de um pavilhão da Santa Sé na Bienal de Veneza do próximo ano. "Quero chamar cinco ou seis grandes artistas a expressar a beleza e a sensibilidade", afirmou, com peças que poderão ser depois doadas a algumas igrejas. "O diálogo entre a Igreja e a arquitectura" é o único que existe, disse, referindo arquitectos como Siza Vieira, Mario Botta, Tadao Ando, Richard Meier ou Renzo Piano.

Ravasi acrescentou que, entre as prioridades do CPC - diálogo com os não-crentes, culturas emergentes, linguagem, ciências humanas, diálogo entre fé e ciência - está também a organização de um grande congresso sobre a evolução, em 2009, a propósito dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 anos da publicação da Origem das Espécies. A iniciativa contará com a participação de filósofos, teólogos e cientistas, entre os quais alguns prémios Nobel.

Durante a tarde, antes da entrega do prémio, D. Manuel Clemente e o historiador Rui Ramos perspectivaram “Portugal, de novo” a partir de alguns marcos identitários da história do país.

Além de D. Gianfranco Ravasi e de D. Manuel Clemente, as IV Jornadas da Pastoral da Cultura contaram com a presença de D. Maurílio de Gouveia, arcebispo emérito de Évora, D. Albino Cleto, bispo de Coimbra, D. Januário Torgal, bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Carlos Azevedo (bispo auxiliar de Lisboa) e D. João Lavrador, recentemente nomeado bispo auxiliar do Porto. No que diz respeito aos Referentes da Pastoral da Cultura, registaram-se as participações das dioceses do Algarve, Angra, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto e Vila Real, assim como dos Franciscanos, Jesuítas e Prelatura da Opus Dei.

Pela primeira vez abertas ao público em geral, estiveram presentes nas Jornadas mais de cem pessoas, entre as quais membros do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, da Pastoral Universitária de Lisboa, e ainda da CONFHIC, Irmãs de Santa Doroteia, Redentoristas, Cursilhos de Cristandade. O Encontro despertou também o interesse de jornalistas provenientes da televisão, rádio e jornais de âmbito nacional, regional e diocesano.

 

Veja aqui fotografias das Jornadas

António Marujo | in Público, 21.06.2008

rm

23.06.2008

 

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