Pastoral da Cultura em movimento
Entrevista

Toma posse o novo presidente do CADC - Centro Académico de Democracia Cristã

João Caetano, professor da Universidade Aberta toma posse da direcção do CADC no próximo dia 15 de Março. O "Correio de Coimbra" entrevistou o novo dirigente.

 

Conte-nos o que é o CADC.

O CADC, sigla de Centro Académico de Democracia Cristã, é uma associação de leigos católicos que têm em comum o facto de serem ou terem sido estudantes, professores ou investigadores de instituições de ensino superior sedeadas em Coimbra. A Universidade de Coimbra é naturalmente a instituição que aglutina a maior parte dos sócios do CADC, mas não é a única. Eu próprio sou professor da Universidade Aberta [universidade pública de ensino a distância, sedeada em Lisboa e com uma delegação em Coimbra, cujo reitor é, curiosamente, professor da Universidade de Coimbra], embora tenha estudado na Universidade de Coimbra.
Os sócios do CADC são mulheres e homens que vivem empenhadamente em sociedade a sua condição de cristãos. No início do século XXI, une-nos a atracção pelo pensamento e pela acção pública, assente na fé comum em Jesus Cristo. Com tudo o que nos une, somos muito plurais.

 

No próximo sábado os novos corpos sociais vão tomar posse. Conte-nos como vai ser...

A direcção fez questão que os novos membros dos órgãos sociais iniciassem os seus mandatos com uma missa celebrada pelo nosso bispo, porque o CADC está estatutariamente ligado à diocese de Coimbra. A missa será no próximo sábado, às 10h 30m, na Capela da Universidade. É aberta a todos e todos são muito bem-vindos. Tanto quanto somos livres de pensar e de agir sem interferências de ninguém, não dispensamos o apoio do nosso bispo como garante da nossa fé. Não espero do meu bispo – e já lho disse publicamente – que seja o bispo mais inteligente ou o mais rico, mas que me oiça e me diga sinceramente "vai!". E eu vou, sem medo das dificuldades, acompanhado por pessoas muito generosas e de muito valor. Noto também com muito gosto que a direcção é constituída maioritariamente por mulheres, das quais três estão a preparar actualmente o doutoramento. Essa é a sua prioridade, que elas, inteligentes e sensíveis como são, percebem. E eu também percebo e escolhi-as pelo seu mérito. Foi também pelo seu mérito e pelo seu amor à Igreja que escolhi os outros dois homens, que também estão a doutorar-se, e a outra mulher, mãe de filhos e já doutorada. Apresentamo-nos humildemente como promessa e com uma promessa: no princípio do dia não está a razão, mas a determinação para fazer das tripas coração. Os novos membros da direcção levantam-se habitualmente cedo, seja para estudar, trabalhar ou cuidar dos filhos, esforçando-se para melhorar a sua vida e a dos outros. Falo do que conheço. Quando assim é tudo é mérito e tudo é possível.

 

Qual é a missão do CADC?

O CADC tem de voltar a encontrar-se com os estudantes do ensino superior, que andam dispersos, e de ser capaz de discutir, com eles e com a comunidade humana em que nos integramos, as grandes questões do nosso tempo. Queremos ser capazes de antecipar questões e de influenciar a sociedade. Ao longo da sua história passaram por aqui muitas pessoas notáveis. Quando foi dirigido pelos estudantes, o CADC foi sempre governado democraticamente, mesmo durante o salazarismo. Por aqui passaram muitos opositores ao regime. E é curioso, porque Salazar também foi dirigente do CADC, durante a 1.ª República. Nós recebemos inteiramente toda a história do CADC. Eu sou o segundo presidente que, à data da eleição, não sou estudante. Mas o CADC não será menos democrático nem arrojado do que foi outrora. Humildemente, nós queremos fazer tanto ou mais do que os que nos antecederam, sabendo que não nos anunciamos nem procuramos a nós mesmos mas a Jesus Cristo.

 

Que apreciação faz da actual situação do país e que temas estão na agenda da direcção para o futuro próximo?

A elite política portuguesa actual é fraca e, tal como ela, outras elites são fracas, o que se nota nos níveis de violência simbólica disseminados na sociedade. As pessoas têm essa experiência quando vêem que o impossível acontece, como, por exemplo, quando se dão conta de que, vivendo em democracia, têm medo de falar ou de dizer a verdade toda. Eu sou da geração que vê estas coisas acontecerem, e quer reagir contra elas. Quer nas relações com a comunidade eclesial, quer nas relações com a comunidade política mais ampla, sem deixarmos de ser prudentes, queremos ir além do que já se disse. Dou-lhe alguns exemplos: queremos falar de coração aberto com o nosso bispo e pedir-lhe aquilo de que necessitamos – por exemplo, que compreenda connosco o que é o CADC e que nos dê o estatuto jurídico adequado. Mas também queremos falar para a sociedade: perceber de que modo o cristianismo pode dar hoje uma resposta válida à questão do compromisso entre a verdade e a política, que, na prática, parece não existir; discutir os grandes temas da bioética, da economia, da ecologia, das manifestações culturais, do diálogo ecuménico; estabelecer o diálogo com os que estão fora da Igreja, ou porque não a compreendem ou porque a combatem (por exemplo, o diálogo com os ateus). A crise social é outra questão que foi por mim referida no dia da eleição e que, nos últimos dias, assumiu grande importância nos meios de comunicação social. A questão será amplamente apreciada por nós, no contexto do debate que faremos sobre o futuro de Portugal, numa altura em que há quem se deixe seduzir, designadamente dentro da Igreja, por questões que dividem os portugueses. O nosso propósito não é dividir, mas congregar quem anda disperso.

 

Conheça o «site» do CADC.

in Correio de Coimbra

12.03.2008

 

 

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João Caetano

















































































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