IV Jornadas da Pastoral da Cultura: um caminho a seguir
Como é sabido, decorreram em Fátima, no passado dia 20 de Junho, as IV Jornadas da Pastoral da Cultura promovidas pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, uma instância da Conferência Episcopal Portuguesa.
Só para referir alguns dos momentos integrantes das Jornadas, aqui vai um especial destaque para as intervenções de D. Gianfranco Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício da Cultura. A sua conferência teve como tema – “A Palavra de Deus, Luz para os nossos passos, no caminho da História”.
Foi uma intervenção de fundo, marcante pela clareza, profundidade e pertinência da exposição aliadas a uma abordagem bíblica de grande interesse e qualidade.
Outro momento interessante foi o debate entre D. Manuel Clemente e o Historiador Rui Ramos, neste caso, tendo como temática subjacente – “Portugal, de novo”, após o que se seguiu a entrega do Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes 2008, à Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira.
Em referência a uma segunda intervenção de Gianfranco Ravasi, o citado Presidente do Conselho Pontifício da Cultura, passo a salientar os vários pontos constantes do que foi apresentado como o itinerário adoptado por aquela instância da Igreja de Roma, em ordem ao aprofundamento do diálogo eclesial com o mundo da cultura na actualidade. Ainda que de forma muito rápida, vale a pena conhecer as temáticas constantes do referido itinerário constituído por seis pontos.
Assim, o primeiro ponto incide sobre a relação ciência-fé, teologia e filosofia cristã. Neste âmbito, terá lugar um Congresso sobre a problemática da evolução, numa referência ao segundo centenário de Darwin.
O segundo ponto está voltado para as Ciências Humanas, da Antropologia Cultural à Economia, esta última abordada numa perspectiva de ciência humanista e não só como técnica monetária.
Um terceiro ponto tem como centro de interesse o tema da Linguagem, dada a constatação da clara divergência, na actualidade, da gramática do mundo e a linguagem da Igreja.
Um quarto ponto está voltado para a consideração das culturas emergentes, em especial vindas de áreas como a Ásia, América Latina, Índia e não só.
Um quinto ponto aborda o horizonte da não-crença no mundo actual, onde se constata que a indiferença supera o ateísmo.
O sexto e último ponto trata do diálogo com a Arte Contemporânea.
Como se vê, estamos perante um itinerário muito sugestivo que merecia ser assumido pelas mais diversas instâncias eclesiais, tanto de âmbito nacional como diocesano, incluindo movimentos interessados na matéria.
Trata-se de um conjunto de temáticas que, bem trabalhadas, fazem do referido itinerário algo de extremamente fecundo para uma presença e um contributo muito significativos da parte da Igreja e dos cristãos para a sua adequada imagem e para uma valorização do seu testemunho nos tempos que correm.
P. Cipriano Pacheco
Referente da Pastoral da Cultura na Diocese de Angra
21.07.2008
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