S. Leão Magno
Na verdade, embora aquela infância, que a majestade do Filho de Deus não teve por indigna de si, tenha subido com o crescimento da idade até ao homem perfeito, e, consumado o triunfo da Paixão e Ressurreição, tenham passado todas as acções da condição de abatimento que por nós tomou, renova contudo a festa de hoje os santos primórdios de Jesus recém-nascido da Virgem Maria; e, enquanto adoramos o nascimento do nosso Salvador, damos connosco a celebrar os nossos princípios. Pois a conceição em que Cristo é gerado é origem do povo cristão, e o dia natalício da cabeça é também festa natalícia do corpo.
Tenha embora cada um seu lugar na série dos eleitos, sejam distintos na sucessão dos tempos todos os filhos da Igreja, a verdade é que todos os que constituem a multidão dos fiéis, e nasceram da fonte do baptismo, assim como na Paixão foram crucificados com Cristo e na Ressurreição d’Ele foram ressuscitados e na Ascensão colocados à direita do Pai, assim também neste nascimento foram com Ele gerados. Pois qualquer homem, que em qualquer parte do mundo crê e é regenerado em Cristo, passa, renascendo, a ser homem novo; e já se não conta na descendência de seu pai segundo a carne, mas na progénie do Salvador, que se quis fazer filho do homem, para nós podermos ser filhos de Deus. Porque se Ele não tivesse descido até nós por esta humilhação, nunca ninguém por seus méritos seria capaz de chegar até Ele.
S. Leão Magno, Sexto Sermão do Natal do Senhor, 2 (séc. V)
RF
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