O valor da religiosidade popular
Em toda a minha acção pastoral tenho verificado que a religiosidade popular e as devoções tradicionais do Povo de Deus se bem orientadas e fundamentadas são óptimos recursos à disposição das comunidades cristãs para evangelizarem e fazerem crescer na fé os fiéis. Verifica-se que há devoções e tradições que estão profundamente enraizadas no coração das pessoas e nem os laicismos militantes, nem os progressismos de alguns conseguem arrancar do íntimo da alma cristã do Povo de Deus.
Toda a religiosidade popular pode e deve ser educada, enquadrada e preparada com zelo. Não é uma coisa qualquer, pois quase sempre a adesão popular é bastante elevada. Refiro-me em concreto às procissões, novenas e orações marianas.
A Igreja colocou à disposição dos pastores e agentes pastorais um documento que deve nortear toda a acção neste campo pastoral que é o «Directório sobre a Religiosidade Popular».
Neste tempo que começam as festas populares, as romarias de aldeia e as peregrinações, aproveitemos para evangelizar o Povo de Deus, não com agressões às suas sensibilidades, mas com um crescimento progressivo na sua convicção e consciência de pertença à comunidade dos filhos de Deus.
O tempo de Verão é muito rico nas nossas comunidades em festas populares e romarias. Não deixemos que o programa profano se sobreponha ao religioso, nem que as celebrações religiosas sejam apenas folclore e adereço da romaria.
As festas e romarias existem porque houve homens e mulheres, doutros tempos, que são para os cristãos de hoje exemplo de vida cristã e intercessores junto de Deus para aquela comunidade concreta.
Não se pode olhar para a religiosidade popular como o parente pobre da liturgia oficial, nem como um sinal de atraso intelectual sobre o conhecimento das verdades da salvação. Já não quero falar, sequer, do aproveitamento, das festas e romarias como a única fonte de receita monetária da comunidade ou das comissões e mordomias.
Tudo o que conduz a Cristo é bom, seja na simplicidade da oração e da tradição do povo que soube inculturar na sua vida o Evangelho de Jesus. Se algo há a aperfeiçoar que seja feito com caridade.
Sérgio Carvalho
in Novos Tempos
02.07.2008
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