No atelier de Alberto Carneiro
Decorre até 2 de Fevereiro, na Cooperativa Árvore, Porto, a exposição “Manifestos – Antologia Breve (1965-2005), de Alberto Carneiro, com esculturas, desenhos, fotografias e serigrafias do autor.
Excerto do catálogo da exposição:
“Há mais de quinze anos atrás, em 1991, na circunstância de escrever o que viria a ser o ensaio introdutório ao catálogo da primeira exposição retrospectiva da obra de Alberto Carneiro na Fundação Gulbenkian (depois repetida em Serralves, na altura ainda não estando construído o espaço museológico concebido pelo génio de Siza Vieira) referi, a propósito dessa obra já então longa e complexa, ser necessário colocá-la ‘entre as de maior consequência e risco do seu século português – quer pela irredutibilidade do seu trajecto em singular percurso, alheio a modismos de circunstância, quer pelo modo como inscreve um projecto, hoje já plenamente perceptível, que suscita a multiplicidade das leituras que dela podemos fazer –, (e que) tem sido, até ao momento, insuficientemente entendida no alcance e na dimensão dos seus pressupostos éticos e estéticos.’ (…) Assim, a obra de Carneiro ganhou, de então para cá, e num período relativamente curto – o que também será demonstrativo de haver hoje outra dinâmica crítica, interna e externa, agindo relativamente à arte portuguesa e à sua recepção – um reconhecimento crítico que modifica a circunstância histórica da sua análise e da sua compreensão, deixando aos poucos antever um outro entendimento que a história decerto lhe reserva no futuro, tanto quanto é possível imaginá-lo, pela importância que efectivamente reveste.”
Algumas palavras de Alberto Carneiro, a tocar os extremos temporais da exposição agora apresentada:
“Desejo sempre que as minhas esculturas sejam um lugar para os outros, uma motivação para que haja um acto criador na contemplação. Procuro comunicar o meu mundo, que pode muito bem não ser o mundo que determinado contemplador encontrará se a sua formação e necessidades estéticas não coincidirem com as minhas. Considero que a obra de arte deve dar-se até ao ponto de poder ser recriada por quem a frui. Isso autentica a comunicação que se faz entre o criador e o contemplador no seio da coisa criada.” (8 de Julho de 1967)
“A necessidade estética, inata e estruturante das nossas vivências essenciais, está em nós como coisa vital. Todos construímos a arte como bem indispensável à nossa sobrevivência espiritual. Pensamo-la e teorizamos sobre ela enquanto vida: criamos o campo das referências culturais que nos possibilitam as escolhas e a eleição das suas qualidades relativas.” (14 de Novembro de 2002)
“Quanto mais essencial for em nós a natureza estética, mais próximos estaremos da contemplação pura, aquela que nos pode libertar da inquietude decorrente da necessidade do reconhecimento exterior.” (2 de Outubro de 2003)
Veja, em exclusivo, imagens do atelier de Alberto Carneiro, em S. Mamede do Coronado, Trofa, e conheça a escultura “Árvore da Vida”, que desde 2007 passou a ser atribuída aos artistas escolhidos para receber o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes.
Veja as fotografias do atelier de Alberto Carneiro
Aguarde alguns momentos até ao carregamento da primeira imagem
Artigo relacionado:
Alberto Carneiro vence o maior prémio de artes plásticas em Portugal (com imagens em «slide show»)
rm
© SNPC - Publicado em 15.01.2008
Topo | Voltar | Enviar | Imprimir