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Açores

Flores para o Espírito Santo

Durvalina Codorniz é actualmente a única artesã da freguesia da Ribeirinha a confeccionar pequenas flores de tecido branco para a decoração das Coroas do Divino Espírito Santo. Um trabalho ‘minucioso’ que na sua família atingiu já a quarta geração.

As encomendas surgem não só das várias ilhas dos Açores mas também da diáspora.  

Apesar de o maior número de encomendas surgir por altura da Páscoa, a confecção dos pequenos botões de flor de laranjeira em tecido branco é feita durante todo o ano.

“Todos os anos, por esta altura de festa, tenho encomendas desta e outras freguesias, incluindo das ilhas das Flores e São Jorge. No resto do ano há também pedidos dos Estados Unidos e Canadá”, revela Durvalina Codorniz, de 68 anos de idade, natural da Ribeirinha.

Este ano, até à data, a artesã teve ao seu cuidado mais de duas dezenas de coroas, de impérios e particulares, cada uma delas levando várias centenas de ‘florzinhas’, cujo processo de confecção e aplicação reparte agora com as suas duas filhas.

Coroa do Espírito Santo

“O pano de tecido é a cambraia, colocado de molho em água com gelatina para endurecer na altura de engomar. Depois de feita a forma da flor, segue o caule, em arame fino, enrolado com papel branco”, explica a artesã, que aprendeu os detalhes da costura desde cedo, a observar a sua mãe. E acrescenta: “A coroa tem de ser toda areada. Quanto à aplicação das flores é mais complicada nas coroas pequenas, sendo necessário utilizar uma tesoura”.

Em relação à forma e cor das flores, Durvalina Codorniz revela que “existem dois desenhos diferentes, em branco ou amarelo, todas do mesmo tamanho. No entanto, curiosamente, as flores da ilha das Flores são designadas ‘capelas’, e feitas em cetim”.

A decoração das coroas do Divino Espírito Santo renova todos os anos, segundo Durvalina Codorniz, substituindo as ‘florzinhas’ devido à cor enegrecida que ganha com o fumo do azeite e com a humidade natural das ilhas.

Associado a este trabalho entende-se também o apreço desta senhora à crença e tradição do Culto ao Divino Espírito Santo.

Perante tudo isso, “é importante que a tradição e os costumes passem para as gerações seguintes, para não desaparecerem”, considera Durvalina Codorniz.

Sónia Bettencourt

in A União

09.05.2008

 

 

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