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Oração

Romaria à volta da Ilha Terceira

A romaria realizada na ilha Terceira pelo segundo ano consecutivo, saiu da Igreja da Conceição pela madrugada, no passado dia 20 de Fevereiro, com 34 elementos, e após dar a volta à ilha com entrada em praticamente todas as igrejas e ermidas, feita no sentido dos ponteiros do relógio, regressou ao mesmo Santuário, a 24 do referido mês, com mais dois elementos, duas crianças entre os 10 e os 15 anos, num total de 39 elementos, se considerarmos, de acordo com a norma, mais três, ou seja, “Jesus, Maria e José”.  

O mestre da romaria, Hélder Ávila, considera o balanço dos cinco dias de caminhada “muito positivo”, esperando que seja “crescente” de ano para ano.

Embora haja quem “feche a janela” aquando a passagem dos romeiros, o mestre avança que as pessoas “respeitam” aqueles peregrinos, mas faz um apelo a mais participação por parte de todos.

 

Mais participação

De acordo com Hélder Ávila, as pessoas parecem ainda ter “medo” de chegar perto dos romeiros, face a certas reacções constatadas no decorrer da caminhada, como “fechar a janela” aquando a sua passagem. Neste sentido, o mestre desafia as pessoas a aproximarem-se dos romeiros, a entrarem também na Igreja e ouvir as orações, pois “quanto mais participarem mais valor irão dar a uma romaria”, justifica.

Apesar de “o que acontece na romaria é da romaria”, Hélder Ávila faz questão de partilhar connosco duas passagens que considera “reconfortantes”, em que a primeira aconteceu numa madrugada em que os romeiros estavam a cantar e a rezar, na calada da noite, e a dada altura “uma senhora abriu a sua janela e pura e simplesmente esticou a mão numa forma de acenar e de carinho”. Quanto à segunda passagem, o mestre diz que passaram por uma escola e uma criança “saiu a correr da mão da professora e pediu ao mestre para os romeiros rezarem pelos meninos todos”. Hélder Ávila classifica aqueles momentos “fortes” e “carinhosos”, e por isso, acrescenta, “vale a pena a gente estar na rua; vale a pena rezar”, pelo que as reacções “menos boas” passam para o “esquecimento”.

Por todas estas situações, o mestre considera mais uma forma de provar ao próprio romeiro o que Cristo “penou no mundo”, embora esta seja apenas uma “pequena amostra” do Seu sofrimento.

Mapa da Ilha Terceira

Em relação ao número de elementos participantes, Hélder Ávila avançou que saíram da Igreja da Nossa Senhora da Conceição, no passado dia 20 de Fevereiro, 34 elementos, regressando depois dos cinco dias de caminhada, à volta da ilha, com entrada em praticamente todas as igrejas e ermidas, feita no sentido dos ponteiros do relógio, 36 elementos, portanto mais dois elementos, duas crianças entre os 10 e os 15 anos, num total de 39 elementos, se considerarmos, de acordo com a norma, mais três, ou seja, “Jesus, Maria e José”.  

As pessoas que participam na romaria, defende o mestre, “estão ali porque alguma coisa muito forte as chamou”, ao contrário de certos comentários que se ouvem contra os romeiros, no sentido em que “só querem aparecer”, refere.
Quanto às dificuldades, existiram algumas, confessou o mestre, no que se refere a questões de Saúde, relacionadas com o esforço, mas “com ajuda do rancho e das orações”, todos “acabaram a sua caminhada”.

 
História

Recorde-se que os romeiros na ilha Terceira pertencem a uma tradição que se extinguiu no século XIX, ressurgindo em 2007 com a orientação do Padre Dolores, reitor do Santuário da Conceição em Angra, a partir de um grupo de pessoas interessadas que já tinham participado em romarias em São Miguel.

Em São Miguel, a tradição dos romeiros remonta ao século XVI, no propósito do terramoto de Vila Franca do Campo, onde vários grupos enchem as estradas da ilha na época de Quaresma.

A orientação da romaria das ilhas de São Miguel e Terceira, aprovada pela diocese, é a mesma, pelo que a indumentária (lenço, xaile de protecção e dois terços: um para colocar ao pescoço e outro para levar na mão), bordão, ‘sovadeira’, vulgo mochila, cânticos, orações e locais de pernoita, são iguais.

 

in A União

27.02.2008

 

 

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