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"A infância de Jesus": prefácio e excertos do novo livro de Joseph Ratzinger - Bento XVI

A Feira Internacional do Livro em Frankfurt,  de 10 a 14 de outubro, é a montra escolhida pela editora Rizzoli para apresentar o novo livro de Joseph Ratzinger – Bento XVI, dedicado às narrações evangélicas da infância de Jesus.

Na Itália, o volume L'Infanzia di Gesù será publicado antes do Natal em coedição com a Libreria Editrice Vaticana, mas na inauguração da maior feira do livro já estão a ser definidas negociações com editores de 32 países para as traduções do original, em alemão, em 20 línguas, entre as quais fancês, inglês, espanhol, polaco e português.

Como Bento XVI explicou no prefácio do livro, a terceira parte da trilogia dedicada a Jesus de Nazaré inicia com a narração evangélica para chegar ao homem contemporâneo.

Como escreveu também na introdução ao segundo volume (Da entrada de Jerusalém até à ressurreição) o autor procurou «desenvolver uma ideia sobre Jesus dos Evangelhos e uma escuta d'Ele que pudesse tornar-se um encontro e todavia, na escuta em comunhão com os discípulos de Jesus de todos os tempos, chegar também à certeza da figura verdadeiramente histórica de Jesus».

 

Prefácio

Finalmente posso confiar nas mãos do leitor o pequeno livro, prometido há muito tempo, sobre as narrações da infância de Jesus. Não se trata de um terceiro volume, mas de uma espécie de pequeno «hall de entrada» aos dois livros precedentes sobre a figura e a mensagem de Jesus de Nazaré. Nele, procurei interpretar, em diálogo com exegetas do passado e do presente, o que Mateus e Lucas narram no início dos seus Evangelhos sobre a infância de Jesus.

Uma interpretação justa, segundo a minha convicção, exige dois passos. Por um lado, é preciso perguntar-se o que pretendiam dizer com o seu texto os respetivos autores, no seu momento histórico – é a componente histórica da exegese. Mas não é suficiente deixar o texto no passado, arquivando-o entre os eventos acontecidos há tempos. A segunda pergunta do exegeta justo deve ser: É verdadeiro o que foi dito? Diz-me respeito? E se me diz respeito, de que modo o faz? Diante de um texto como o bíblico, do qual o último e mais profundo autor, de acordo com a nossa fé, é o próprio Deus, a pergunta acerca da relação do passado com o presente faz inevitavelmente parte da nossa interpretação. Deste modo a seriedade da pesquisa histórica não diminui mas aumenta.

Neste sentido, tive o cuidado  de entrar em diálogo com os textos. Com isto estou bem ciente de que este colóquio na encruzilhada entre passado, presente e futuro nunca poderá ser completo e que cada interpretação nunca alcança a  grandeza do texto bíblico. Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus.

 

Quando nasceu Jesus

(…) Jesus nasceu numa época que pode ser determinada com exatidão. No início da atividade pública de Jesus, Lucas oferece mais uma vez uma datação pormenorizada e exata daquele momento histórico: é o décimo quinto ano do império de Tibério César; além disso, são mencionados o governador romano daquele ano e os tetrarcas da Galileia, da Itureia e da Traconítide, como também da Abilena, e depois os chefes dos sacerdotes (cf. Lc 3, 1s).

Jesus não nasceu nem apareceu publicamente no vago «outrora» do mito. Ele pertence a um tempo datável exatamente e a um ambiente geográfico indicado com clareza: o universal e o concreto tocam-se reciprocamente. N'Ele, o Logos, a Razão criadora de todas as coisas, entrou no mundo. O Logos eterno fez-se homem, e disto faz parte o contexto de tempo e lugar. A fé está ligada a esta realidade concreta, mesmo se sucessivamente, em virtude da Ressurreição, o espaço temporal e geográfico é superado e o «preceder a caminho da Galileia» (Mt 28, 7) da parte do Senhor introduz na vastidão aberta da humanidade inteira (cf. Mt 28, 16 ss).

 

O menino envolvido em faixas

(…) Maria envolveu o menino em faixas. Sem qualquer sentimentalismo, podemos imaginar com que amor Maria foi ao encontro da sua hora, preparou o nascimento do seu Filho.

A tradição do ícone, baseada na teologia dos Padres, interpretou manjedoura e faixas também teologicamente. O menino envolvido estreitamente nas faixas aparece como uma referência antecipada da hora da sua morte: Ele desde o início é o Imolado, como veremos ainda mais pormenorizadamente refletindo sobre a palavra acerca do primogénito. Assim a manjedoura era representada como uma espécie de altar.

Agostinho interpretou o significado da manjedoura com um pensamento que, num primeiro momento, parece quase inconveniente, mas ao contrário, se for examinado mais atentamente, contém uma profunda verdade. A manjedoura é o lugar no qual os animais encontram o seu alimento. Contudo, agora jaz na manjedoura Aquele que se indicou a si mesmo como o pão verdadeiro que desceu do Céu – como o verdadeiro alimento do qual o homem tem necessidade para o seu ser pessoa humana. É o alimento que doa ao homem a vida verdadeira, eterna. Deste modo, a manjedoura torna-se uma referência à mesa de Deus para a qual o homem é convidado, para receber o pão de Deus. Na pobreza do nascimento de Jesus delineia-se a grande realidade, na qual se realiza de modo misterioso a redenção dos homens.

 

L'Osservatore Romano
09.11.12

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