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Teatro

"Antígonas": «Eu não nasci para odiar mas sim para amar»

A mensagem intemporal de uma voz que se insurge contra as injustiças e que proclama um bem superior. Assistir à história em 2012 é pensar na impressionante longevidade de “Antígona” – e suspirar pela intervenção de mais timbres fraternos fora do palco, que inspirem a revolta contra o sangue.

O grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa (TUT) assinala os seus 30 anos com uma dramaturgia feita a partir de quatro textos sobre Antígona, em que o original de Sófocles se cruza com versões propostas por Jean Anouilh, Bertolt Brecht e a filósofa espanhola Maria Zambrano. A mitologia é revisitada não por uma, mas por cinco Antígonas, que a partir desta quarta-feira, 16 de maio, estão no Teatro do Bairro, no Bairro Alto, em Lisboa.

«Com mais de 2500 anos, tem atravessado a história do teatro ocidental. Muitos dramaturgos, incluindo portugueses, como António Pedro, interessaram-se muito por esta temática; alguém que dá um grito: eu não nasci para odiar mas sim para amar», explica o encenador Júlio Martín da Fonseca, associado desde “a primeira hora” ao TUT, a par de Nuno Cortez, também da atual direção do grupo e professor no Instituto de Agronomia, funções a que se associa ainda Manuel Vieira, investigador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o LNEC.

Três décadas passadas sobre a estreia, com a dramatização do poema “À Espera dos Bárbaros”, de Konstatin Kavafis, (que recuperaram em dezembro no Teatro da Trindade, em Lisboa), o elenco do espetáculo, composto por 30 atores, reúne todos os elementos que neste momento fazem parte da companhia. Um conjunto de alunos das várias faculdades e institutos da Universidade Técnica e de outras faculdades, a que se juntam dois professores, alunos de Erasmus de passagem por Portugal, e ainda investigadores do LNEC.

Competências culturais e comunicacionais que complementam a formação técnica, partilhadas tanto por atores com anos de casa como por integrantes para quem “Antígonas” representa uma estreia absoluta. A peça teve direito a antestreia no sábado, no Teatro da Malaposta, num encontro de várias escolas de teatro universitário, dentro do espírito ambulante e inovador que é já tradição no trajeto da companhia.

O grupo do TUT costuma ensaiar no Palácio Burnay, na Junqueira, sede dos serviços sociais da Universidade Técnica, onde desde há três anos os seus elementos voltaram a dar vida ao pequeno teatro que o edifício acolhe. Ao longo dos anos passaram por lugares menos convencionais, como a Torre de Belém ou a Central Tejo. Marcaram presença em eventos culturais e festivais internacionais, da França à República Checa, terra natal do fundador do grupo, Jorge Listopad.

Ao longo das últimas três décadas passaram pelo TUT entre 500 e 1000 pessoas, que colaboraram diretamente nos espetáculos, com presença na ficha técnica e garante do título de “tuteanos”. Destaque ainda para uma minoria que acabou por abandonar os respetivos cursos e enveredou por uma área mais artística, como o realizador Pedro Sena Nunes, o fundador do Teatro da Garagem, Carlos Pessoa, o criador nas artes performativas Luís Castro, o cenógrafo José Espada, além de figurinistas, músicos e outros colaboradores, como Nuno Carinhas ou os Telectu.

São muitos os espetáculos levados à cena, alguns dos quais valeram distinções dignas de companhias profissionais, como o prémio de revelação de ator, melhor cenografia ou figurinos, exemplo de “Doce Inimigo”, quando o complexo das Amoreiras foi inaugurado. Para a história ficam apresentações como “Cristóvão Colombo”, em Alcântara, ou as parcerias com outras produções, como em “O Anúncio Feito a Maria”, de Paul Claudel, no Teatro Nacional.

“Antígonas”, que constitui também uma homenagem ao encenador, crítico, escritor e poeta Jorge Listopad, sobe ao palco até 20 de maio. Os espetáculos são às 21h00, exceto no útlimo dia, às 17h30.

 

Maria Ramos Silva / SNPC
In i, 16.5.2012
16.05.12

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