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Quando o fado é oração

Entrevista ao Cón. Armando Duarte

O Cónego Armando Duarte, pároco dos Mártires e do Sacramento, recebeu e continuou do seu antecessor a Missa cantada em fado, acreditando que ela ajuda muitos fiéis a expressar e a alimentar a sua fé. E diz que a beleza irradiante das Igrejas da Baixa-Chiado é já uma boa pastoral.

 

Que espiritualidade o fado, a partir da sua especificidade, pode conceder às celebrações litúrgicas?

É a espiritualidade que viu. Muitas das pessoas, embora não cantando com os fadistas, participam activamente, associando-se com o seu silêncio àquilo que está a ser cantado. Penso que a Missa tem dignidade e tem vibração interior. Há algumas pessoas que não gostam da Missa em fado. Do ponto de vista litúrgico não sei se corresponderá a todas as normas exigidas. Mas também tenho de admitir que é uma maneira das pessoas que gostam expressarem a sua fé e serem ajudadas na celebração da Eucaristia.

 

Uma vez por mês é muito, é pouco ou é a medida certa?

Penso que é a medida certa. A iniciativa não é minha; eu estou aqui há 5 anos e já a apanhei do Padre Manuel Gonçalves Pedro. Foi transferida para aqui [Basílica dos Mártires] recentemente; a iniciativa pertence à Igreja do Sacramento, onde a celebração cantada em fado talvez tenha um ambiente especial. Simplesmente a igreja neste momento está muito degradada, pelo que decidimos mudar para aqui, temporariamente.
Os fadistas são gente de fé, muito ligada à Igreja do Sacramento, congregados por uma família tradicional – a família Campos e Sousa – que faz isto com muita dedicação, com muita fé e com muito espírito de Igreja.

 

Está em marcha a renovação pastoral da Baixa-Chiado. Depois de 5 anos de presença, que balanço e que perspectivas?

Isto é uma obra de Deus. Nosso Senhor é que vai dispondo os meios – e de que maneira. Há 5 anos recebi as igrejas em ruínas e arruinadas, como eu costumo dizer. E foi Nosso Senhor que predispôs os meios, através da boa vontade dos homens, para que hoje – a Igreja do Sacramento é uma excepção – as nossas igrejas estejam restauradas. E a sua beleza irradiante é já uma boa pastoral. A arte é um panfleto irrecusável. As pessoas, mesmo que venham aqui como quem vem ver um museu ou como quem vem assistir a um concerto numa sala de espectáculos, não deixam de ser interpeladas pelo que vêem e pelo que experimentam: a fé e a dedicação daqueles que nos legaram estes tesouros.
Eu penso que as coisas estão a andar. É claro que o restauro das igrejas tem-nos ocupado muito e tirado muitas energias para outras coisas. Mas penso que com as igrejas restauradas, tudo o resto acaba por ser facilitado.

 

Veja também:

- Entrevista ao compositor do grupo «In Nomine».
- Imagens da celebração e som do cântico de entrada.

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