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Fé e cultura

"A Bíblia, coisa curiosa" abriu texto sagrado ao cruzamento de saberes

O ciclo de conversas “A Bíblia, coisa curiosa”, organizado pela Casa Fernando Pessoa (Lisboa) e pelo padre José Tolentino Mendonça, terminou esta quinta-feira com um encontro dedicado à relação da poesia com o texto sagrado para os cristãos, com a participação dos poetas Armando Silva Carvalho, Adília Lopes, Mário Avelar e Pedro Braga Falcão.

Para Inês Pedrosa, diretora da Casa Fernando Pessoa, os colóquios foram um despertar «para que as pessoas entendam a Bíblia como objeto de sabedoria, estético, literário e de aprofundamento de tudo o que há de mais empolgante na natureza humana».

A responsável declarou-se «feliz» com a «qualidade das intervenções» – o número de setembro da revista “Pessoa”, editada pela instituição que dirige, vai ser dedicada a este ciclo – e com a adesão do público.

«Conseguimos sempre ter sala cheia», assinalou, acrescentando que as pessoas saíram das sessões «com ânimo e novas formas de encarar a vida», combatendo o risco de as interpretações da Bíblia ficarem «fechadas no campo dos eruditos» e passarem ao lado de crentes que «vão à missa mas não conhecem os textos bíblicos em profundidade».

Tolentino Mendonça também fez um «balanço muito positivo»: «Escolher um lugar emblemático da cidade para abrir o texto bíblico em várias abordagens, todas elas culturais e artísticas, é um serviço precioso».

«Há alguma coisa da Bíblia que só um músico pode interpretar; há alguma coisa da Bíblia que só um mestre da vida interior, como um psicanalista, pode colher; há alguma coisa da Bíblia que só um poeta pode vislumbrar», afirmou, numa alusão aos saberes convocados para as três sessões que começaram a 31 de março.

Inês Pedrosa defendeu que “nas disciplinas dos currículos escolares devia estar integrado o conhecimento da Bíblia, enquanto texto de referência cultural”.

«A Bíblia molda-nos, mesmo que a desconheçamos», por estar «nos fundamentos das instituições que temos e dos modos de organização mental, sentimental e até social», assinalou.

«A nossa identidade» passa pela Bíblia, sublinhou a romancista, acrescentando que «quem não tem educação religiosa não tem acesso ao conhecimento desta parte importante da cultura».

Inês Pedrosa considera que a Bíblia deve saltar «os muros das instituições religiosas» porque também «merece literariamente» essa aproximação, em virtude de conter «todos os géneros literários».

A procura de «diálogos e cruzamentos de olhares, arriscando novos territórios para ler o texto sagrado» vai continuar, no âmbito do projeto “Bíblia, Comunicação & Arte”, promovido pelo Centro de Estudos de Religiões e Culturas, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

«Queremos apostar muito nesta espécie de peregrinação pela cidade, pela sociedade civil, pelo mundo da cultura», lendo o texto bíblico como «magna obra aberta», disse Tolentino Mendonça.

No encontro desta quinta-feira, que contou com uma audiência de cem pessoas, Pedro Braga Falcão qualificou a Bíblia de texto «poético na sua mais profunda essência» e chamou a Cristo «o poeta da eternidade».

Armando Silva Carvalho mencionou alguns dos poemas que escreveu sob a influência bíblica e Adília Lopes referiu-se ao livro de Daniel como um texto que «parece cinema».

Mário Avelar apontou para «uma espécie de contaminação da palavra bíblica» na sua poesia e o padre e biblista João Lourenço, que abriu a sessão, realçou que a Bíblia «sabe da palavra que narra e do silêncio que fala».

 

Rui Martins
In Agência Ecclesia
15.04.11

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