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Cinema nas escolas: um novo plano para a Sétima Arte

Depois de uma nova e muito discutida lei do cinema e audiovisual, a Lei nº 55/2012 publicada no passado dia 6 de setembro, acaba de ser anunciado o novo Plano Nacional de Cinema.

Na lei, a referência ao plano surge no artigo 23º com o seguinte texto: «Formação de público escolar - O Estado promove um programa de literacia para o cinema junto do público escolar para a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica e, em particular, das longas -metragens, curtas-metragens, documentários e filmes de animação de produção nacional».

Criada pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Ministério da Educação e Ciência, a medida visa “a criação de novos públicos, a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica, a sensibilização do público para as práticas cinematográficas e, em particular, para o cinema português”.

Para tal, foi apresentada publicamente uma lista de 37 obras cinematográficas contemplando filmes nacionais e estrangeiros de géneros diversificados, distribuída pelos vários níveis de ensino do 5º ao 12º anos da escolaridade obrigatória.

Numa primeira fase, o plano é implementado em vinte e três escolas-piloto do país, o que permite testar e avaliar a sua aplicabilidade a contextos diversos, contando cada projeto com a coordenação de um professor, sob responsabilidade do diretor da escola ou agrupamento.

A coordenação do Plano a nível nacional compete, especificamente, a Graça Lobo, professora de português do 2º ciclo e mestre em Gestão Cultural, aproveitando a sua experiência de, pelo menos, duas décadas, na coordenação de iniciativas integrando as componentes de educação e cinema: primeiro a partir do dinâmico Cineclube de Faro (realizando projetos com escolas locais) e mais tarde liderando o projeto “Juventude Cinema Escola”, desenvolvido pela Direção Regional do Algarve (desde 2004). 

Pelo impacto verificado a nível local, estes mesmos projetos têm merecido a atenção de investigadores nacionais (de universidades diversas) que apontam para o sucesso efetivo dos mesmos na criação de novos públicos, medidos não apenas a curto mas também a longo prazo – quando é possível avaliar resultados em alunos cuja escolaridade foi completada com o “suporte” de projetos extraescolares como estes.

Não obstante o fato de não ter sido ainda publicamente apresentado em detalhe o Plano Nacional de Cinema, o que urge acontecer para que destinatários, meios de comunicação e público interessado possam apreciar devidamente a sua validade pedagógica (dissipando ou confirmando de modo fundamentado potenciais dúvidas), é, à partida, de louvar a iniciativa.

Num ensino obrigatório que ao longo de 12 anos ignora de modo crasso a formação aprofundada e abrangente em comunicação audiovisual e novas tecnologias, resumindo-a à perspetiva utilitária e a competências técnicas no âmbito da disciplina TIC (tecnologias de informação e comunicação) – que invariavelmente os alunos já dominam no ano de escolaridade a que lhes acedem -, a possibilidade de abordagem cinematográfica pode constituir uma porta aberta ao aprofundamento e reflexão sobre a criação, a técnica, a comunicação e as formas, enfim, como através do cinema a vida se projeta.

 

Lista dos filmes incluídos no Plano Nacional de Cinema

5.º ano

"Estória do Gato e da Lua", de Pedro Serrazina (Portugal, 1995)


"O Estranho Mundo de Jack", de Henry Selick, escrito e produzido por Tim Burton (EUA, 1993)
"A Bola", de Orlando Mesquita Lima (Moçambique, 2001)
"Com Quase Nada", de Margarida Cardoso e Carlos Barroco (Portugal e Cabo Verde, 2000)
"Aniki-Bobó", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1942)

"As coisas lá de Casa", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 2003)

 

6.º ano

"O Garoto de Charlot", de Charles Chaplin (EUA, 1921)
"ET, o Extraterrestre", de Steven Spielberg (EUA, 1982)
"Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo", de Abbas Kiarostami (Irão, 1987)

 

7.º ano

História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa (Portugal, 2005)

 

"A Noiva Cadáver", de Tim Burton (EUA, 2005)
"Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança", de Aurélio da Paz dos Reis (Portugal, 1896)
"A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese (EUA, 2011)
"Serenata à Chuva", de Stanley Donen (EUA, 1952)
"Shane", de George Stevens (EUA, 1953)

 

8.º ano

"Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha (Portugal, 1996)

"Eduardo, Mãos de Tesoura", de Tim Burton (EUA, 1990)

 

9.º ano

"Romeu e Julieta", de Baz Luhrman (EUA, 1996)  
"A Suspeita", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)

"O Barão", de Edgar Pêra (Portugal, 2011)

"Outro País", de Sérgio Tréfaut (Portugal, 1999)

 

10.º ano

"Persépolis", de Marjane Satrapi e Vicent Paronnaud (França, 2004)
"A Noite", de Regina Pessoa (Portugal, 1999)
"Douro, Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1931)


"Jaime", de António Reis (Portugal, 1974)


"Rafa", de João Salaviza (Portugal, 2012)  

 "Luzes da Cidade", de Charles Chaplin (EUA, 1931)

 

11.º ano

"Os 400 Golpes", de François Truffaut (França, 1959) "Senhor X", de Gonçalo Galvão Teles (Portugal, 2010)
"A Esquiva", de Abdelatlif Kechiche (França, 2004)

 

12.º ano

"Belarmino", de Fernando Lopes (Portugal, 1964)


"Fado Lusitano", de Abi Feijó (Portugal, 1995)
"Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda (França, 2000)
"Viagem à Lua", de Georges Méliès (França, 1902)
“O Estranho Caso de Angélica”, de Manoel de Oliveira (Portugal, 2010)


"Os Salteadores", de Abi Feijó (Portugal, 1993)


"A Cortina Rasgada", de Alfred Hitchcock (EUA, 1966)

 

Margarida Ataíde
Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
In Agência Ecclesia | SNPC
25.09.12

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