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Braga

"Dar corpo à graça": retrospetiva sobre o 2.º encontro "Fé e Arte"

O programa

Data: 21 de abril de 2012

Local: Aula Magna da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, Braga.

Organização: Centro Académico de Braga, em colaboração com o Seminário Conciliar de Braga, a Comunidade Magis e a Associação aCABados.

Conferência de abertura: Pierangelo Sequeri (teólogo e musicólogo)

Círculo de Artistas I: Carlos de Pontes Leça (musicólogo), Alberto Carneiro (escultor), Sérgio Azevedo (compositor), Mª Luísa Carles (bailarina).

Círculo de Artistas II: J. Lucas Pires (escritor), Nuno Carinhas (encenador), Joana Providência (coerógrafa), João Seabra (criativo de artes visuais).

Conferência conclusiva: Marko Rupnik, sj (mosaicista e teólogo).

Fé e Arte num ato: visita à Capela Árvore da Vida, prémio Archdaily 2012, Seminário Conciliar de Braga.

 

A retrospetiva

“É bom estarmos aqui”. “É belo, para nós, estar aqui” (cf. Evangelho de Mateus 17,4b). O fruto saboroso daquele toque afetivo, oferecido a três discípulos de Jesus pelo contacto efetivo com a beleza do seu corpo transfigurado, ofereceu imagem e palavra ao desejo que deu à luz este dia.

Dar corpo à graça, mote da edição II do Colóquio Fé e Arte, congregou-nos, artistas e pensadores, mestres e aprendizes, falantes e ouvintes, para reparar na força espiritual deste nosso mundo sensível e progredirmos na arte de habitar humanamente os tempos, os lugares e as relações, dando forma tangível e vivível à irresistível atração de sentido que, sempre, nos invoca e nos provoca. Seria já tanto se esta ocasião favorecesse a graça do encontro, antes de mais, pela humana benevolência e pelo mútuo reconhecimento entre artistas e teólogos. O ato de dar corpo à graça parece implicar, desde logo, um estilo que não quer ser sem o outro. Não será, seguramente, um estilo triunfal.

Quem desenhou este espaço para que e arte se encontrem e se interpelem mutuamente fê-lo como crente. Não o moveu, porém, qualquer desejo de instrumentalizar a arte para fins confessionais. E não foi seu objetivo recolher ideias novas para tornar a fé um pouco mais apetecível e apresentável. Para o gesto e para a inteligência cristã, o laço que une e arte é bem mais vital. Na realidade, vive do reconhecimento de que a luz inacessível resplandece, não como cego arrepio da alma ou alienação do espírito, sem tempo, sem forma, sem lugar, mas como dom-mais-do-que-necessário no corpo e no estilo do Filho encarnado.  A beleza do dom de Deus que se abaixa implica uma forma concreta, não uma vaga sensibilidade. A verdade e a justiça de Deus assumem qualidade sensível e espessura corpórea – o mais universal dá-se no mais concreto. Por isso, as coisas deste mundo, com suas forças e formas, encantos e limites, apresentam-se como custódia digna e permanente para a exposição do Santíssimo – o mais concreto é capaz do mais universal. Quando, hoje, a gravidade dos corpos e das coisas tende a abafar o que excede e transcende a realidade ou quando o virtual e o mental negligenciam o desejo de verdade e a justiça dos corpos e das coisas, cabe à prática crente o cuidadoso dever, num mesmo ato, de restituir corpo à graça e de atender à qualidade espiritual do sensível. Antes de mais, para não esvaziar o sujeito. E para não perder o mundo.

e arte foram convocadas para o duplo gesto de dar corpo à graça e de reconhecer graça no corpo, para lá da dicotomia pobre entre material e espiritual ou histórico e transcendente. A atenção quis deslocar-se para o terreno mais originário, partilhado pela fé e pela arte, que é a qualidade humana – ética, portanto – com que habitamos o mundo, também ele habitado e provocado pelo que o precede e o excede. Na realidade, as coisas deste mundo têm a virtude de tocar os sentidos e de afetar a consciência, dando emoção, movimento e forma ao desejo vital de um dever-ser-para-ser-humanamente-bem. Este desejo íntimo de justificação dispõe num húmus comum (no humano que nos é comum) a ressonância estética e o apelo ético, o culto religioso e a forma estilística.

O pedido feito a cada um dos convidados quis ser simples. A partir da respetiva prática criativa e do pensamento que vão elaborando sobre ela, o que lhes oferece dizer acerca do motivo Dar corpo à graça?Como atendem e como atuam o corpo? E a graça, de que modo os toca, os provoca e os move? Como realizam o ato de dar um ao outro?

Agradecidos pelos gestos e palavras que preencheram este dia, aprendemos, um pouco mais, a melhor habitar o espaço grande e muito antigo que se desenha entre fé e arte. Pela frequentação da vida real. Pela criação. Pelo pensamento. Pela humana compaixão.

 

P. José Frazão Correia, sj
© SNPC | 26.04.12

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Antony Gormley



























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