Música
Do instante ao infinito, da oração renascentista à contemporânea
A igreja matriz de Nossa Senhora da Assunção, em Grândola, recebe este sábado o terceiro concerto da 8.ª edição do Festival Terras Sem Sombra, organizado pela Igreja Católica através do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja
A partir das 21h30 Paolo da Col «convida os ouvintes a viajar do “Instante ao Infinito”, percorrendo as partituras dos compositores Arvo Pärt, Wolfang Rihm, Salvatore Sciarrino e Gesualdo da Venosa, onde as dissonâncias, os cromatismos e as melodias tortuosas ilustrarão os tormentos da Paixão de Cristo», refere uma nota enviada ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
O concerto, com entrada gratuita, propõe «uma longa viagem entre um mestre genial da polifonia renascentista e algumas das mais belas páginas da criação contemporânea» através das vozes do Ensemble Odhecaton, de Itália.
«Tenebræ, trevas em latim, é o nome da cerimónia litúrgica celebrada nas últimas três noites da Semana Santa. Nesta celebração, a igreja encontrava-se apenas iluminada por velas, que iam sendo apagadas após cada leitura, até ao mergulho total nas trevas, símbolo da ignorância e momento de introspeção. Serão as notas do Príncipe de Venosa, Gesualdo da Venosa, compositor do séc. XVI, que irão dar vida a esta encenação, numa obra escrita em 1611, composta por nove responsórios.
Ensemble Odhecaton
Passados quatro séculos, este tema permanece, nas Sieben Passions-Texte, peças compostas entre 2001 e 2006 por Wolfgang Rihm [1952-], um dos mais importantes compositores alemães da atualidade. Tenebræ factæ sunt e Tristis est anima mea descrevem, de modo sensorial, os últimos momentos de Cristo na cruz.
O agrupamento de vozes italiano interpretará ainda o Responsorio delle tenebre, escrita em 2001 pelo compositor Salvatore Sciarrino [1947-], peça onde “a perfeição imaculada (cantochão) é afetada pela imperfeição humana (música abstrata)”, como descreve o maestro Filipe Carvalheiro.
Da Estónia até ao Alentejo viaja ainda a música do compositor Arvo Pärt (1935-), com a apresentação do De Profundis (1980) e a Summa (1977), que na verdade é um Credo ao qual o compositor mudou o nome para evitar problemas com o regime soviético.»
No âmbito do programa de preservação ambiental desenvolvido pelo Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo, a manhã de domingo é dedicada a uma ação de sensibilização para a defesa do sobreiro e do seu ecossistema.
A iniciativa, que começa às 10h30 na Herdade das Barradas da Serra, é realizada em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, o município grandolense, o WWF-World Wide Fund For Nature e duas organizações não governamentais que promoveram a pioneira classificação do sobreiro como símbolo nacional – as associações Árvores de Portugal e Transumância e Natureza.
As ações, que contam com o envolvimento da Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, dos alunos da Eco-Escola das Ameiras de Grândola, artistas e comunidade local, incluem «a colocação nos sobreiros de ninhos construídos com canudos de cortiça virgem, a verificação das caixas-ninho colocadas no ano passado pelos artistas do Terras Sem Sombra, a realização de uma tiragem de cortiça e outras atividades exploratórias da biodiversidade do montado (flora e fauna)».
© SNPC | 02.05.12
Paolo da Col