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Oração

A frequência da oração, caminho para a oração pura e verdadeira

Alma cristã! Se não encontras forças para te inclinares perante Deus, pelo espírito e pela verdade, se o teu coração ainda não sente calor e o doce sabor da oração mental e interior, traz para sacrifício da oração tudo o que puderes, o que for vontade tua, de acordo com as tuas forças. Que os teus lábios se unam ao chamamento frequente da oração, que apelem sem cessar pelo poderoso nome de Jesus Cristo. Isto não representa um grande trabalho e está ao alcance de cada um. É o que nos exige o mandamento prático do santo Apóstolo Paulo: «ofereçamos sempre a Deus, o sacrifício do louvor, isto é, o fruto dos lábios que glorificam o seu nome» (Heb 13,15). A frequência da oração provoca necessariamente o hábito e torna-se uma segunda natureza, leva a mente e o coração a um estado de espírito digno. Imaginemos que uma pessoa cumpre só este mandamento de Deus, sobre a oração sem cessar. Assim, ele cumpriria todos os mandamentos, pois ele faz sempre a oração, em qualquer momento, em qualquer ocupação, chamando em segredo pelo Santo Nome de Jesus Cristo. Mesmo que, ao princípio, faça a oração sem qualquer calor espiritual e fervor, apenas por necessidade, ele já não teria tempo para pensamentos pecaminosos. Qualquer pensamento condenável encontraria obstáculos e não conseguiria desabrochar, e qualquer acção perversa não daria fruto. A verbosidade e a eloquência vã seriam recusadas ou completamente aniquiladas, e qualquer erro seria imediatamente afastado da mente pela força santa do nome de Deus. O exercício frequente da oração desviaria a alma dos pecados e conduzi-la-ia ao conhecimento substancial, à união com Deus!

Vês agora, como é importante e indispensável a quantidade na oração? A frequência da oração é a única forma de alcançar a oração pura e verdadeira, a melhor e mais efectiva preparação e o caminho mais justo para alcançar o objectivo da oração e da salvação.

Para que nos convençamos da necessidade da oração frequente e frutífera, podemos anotar o seguinte:

1) Que qualquer estímulo, qualquer pensamento sobre a oração é a acção do Espírito Santo e a voz do Anjo teu protector.

2) Que o nome de Jesus Cristo, que chamamos durante a oração, contém a força mais pura, mais activa e benfezeja, e por isso,

3) não te preocupes, se a tua oração é impura ou seca. Espera pelo seu fruto com paciência, chamando pelo nome de Deus. Não dês ouvidos às sugestões desprovidas de sentido do mundo fútil, que declara que o chamamento, mesmo que constante, mas frio, é uma verbosidade desnecessária... Não! A força que o nome de Deus encerra e a frequência do chamamento dá o seu fruto no seu devido tempo!

Um escritor espiritual faz uma análise fantástica desta questão: “Sei que muitos falsos espirituais, pseudofilósofos, procuram por toda a parte uma falsa grandeza e exercícios nobres aos olhos da razão e do orgulho e que o exercício simples, oral, isolado, mas frequente da oração, parece ser pouco significativo, uma ocupação sem valor, ou uma futilidade. Estão enganados! Esses infelizes esquecem-se do ensinamento de Jesus Cristo: “Se não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,3). Têm uma ciência própria para a oração assente nos fundamentos instáveis do raciocínio natural. Não é necessário muito estudo, inteligência ou sabedoria para dizer com sinceridade: “Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim!” Não foi o próprio Deus, nosso Mestre, que louvou as orações frequentes? E os milagres realizados não são eles abundantes, obtidos através da simples oração? Ah! Alma cristã! Vigia e não deixes de invocar sempre o Nome do Senhor, pela oração, apesar do teu clamor sair do teu coração ainda desatento e ocupado com o mundo. Pouco importa! É preciso continuar, não se calar e nunca se preocupar: ele, por si só, tornar-se-á puro. Nunca te esqueças “que o que está em vós é maior do que o que está no mundo. Porque Deus é maior do que o vosso coração e sabe tudo”, disse o Apóstolo (1Jo 4,4; 3,20).

Depois de todas estas afirmações, vemos que a oração, mesmo fraca, é poderosa e acessível ao homem e depende da sua própria vontade. Decide-te, para começar, nem que seja por um dia, a fazer a experiência. Passa mais tempo durante o dia a orar, chamando pelo Nome de Jesus Cristo, do que em qualquer outra ocupação. É uma vantagem da oração sobre as acções quotidianas e, com o tempo, ser-te-á provado que este dia não foi perdido, mas utilizado na salvação. Na balança do julgamento de Deus, a oração frequente dilui as tuas fraquezas e más acções, faz desaparecer, da memória da tua consciência, os pecados daquele dia, coloca-te nos degraus da justeza e terás a esperança de receber a consagração também na vida eterna.

 

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