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Os meus 31 anos na Rádio Renascença

O livro "Os meus 31 anos na Rádio Renascença", assinado por Fernando Magalhães Crespo, que dirigiu a emissora católica portuguesa de 1974 a 2005, foi lançado esta terça-feira em Lisboa.

A nota de apresentação, do reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, sintetiza a importância da Renascença na transição para o regime democrático, a seguir ao 25 de abril de 1974, e o seu papel na sociedade portuguesa nos anos seguintes.

A introdução, redigida por Magalhães Crespo, destaca a liderança nas audiências da emissora criada há 75 anos, caso único a nível mundial numa rádio católica.

Oferecemos excertos dos dois textos que abrem o primeiro volume, dedicado aos anos de 1974 a 1990.

 

Apresentação
Manuel Braga da Cruz

A Rádio Renascença é um caso singular no panorama radiofónico europeu, pelo facto de ser uma rádio de inspiração cristã e líder de audiências, há tantos anos, em Portugal. Para entender este sucesso é fundamental conhecer a história da Emissora Católica Portuguesa nas últimas décadas.

A Rádio Renascença desempenhou um papel decisivo na implantação do regime democrático em Portugal, a ponto de não ser possível entender a transição sem referir o lugar que ela ocupou nesse processo. Em primeiro lugar pela forma como colaborou na progressiva introdução de uma autonomia e uma independência informativas e formativas no panorama radiofónico nacional, durante o regime autoritário, o que explica que dela tenha partido a senha para as operações militares do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974. A Rádio Renascença deu uma contribuição importante para a instauração da liberdade de comunicação em Portugal.

Mas o principal contributo da Rádio Renascença para a afirmação da liberdade de comunicação foi dado durante a transição revolucionária. A Rádio Renascença foi vítima da tentativa de nacionalização da comunicação social, com a ocupação das suas instalações, o que motivou grande reação da opinião pública e das autoridades católicas, e fez desencadear a resposta, pelo País, à tentativa de supressão da liberdade democrática. A inflexão do processo revolucionário conheceu um momento decisivo com o deflagrar do Caso Renascença, ou seja com a ocupação da emissora católica, a par com a ocupação do jornal República. Pouco antes do 25 de novembro, o VI Governo Provisório faria explodir à bomba os emissores da Renascença, o que silenciou os seus ocupantes e iniciou a devolução aos legítimos proprietários. A Rádio Renascença constitui assim o caso que provocou a viragem política no processo de transição, rumo à democracia e à liberdade de expressão, impedindo assim a substituição de um regime com ausência de liberdade de comunicação por outro regime igualmente sem essa liberdade.

A resistência oferecida, primeiro pela opinião católica e pelos bispos, depois pelo Governo Provisório, à ocupação da Renascença, com a defesa por parte de um grupo de católicos do próprio Patriarcado, ameaçado de ocupação, constituiu um momento crucial na formação de uma oposição ao avanço do processo revolucionário.

A Rádio Renascença foi assim um caso decisivo de travagem da estatização da comunicação social, e de afirmação da liberdade de expressão. A Renascença identificou-se, nesse período decisivo, com a liberdade e com a democracia. E foi, durante vários anos, até à abertura dos meios de comunicação social à iniciativa privada, já nos últimos anos da década de 80 do século XX, a única voz não estatizada na comunicação social portuguesa.

Por tudo isto, não é possível analisar e compreender a implantação da democracia e da liberdade de comunicação sem o Caso Renascença.

Fernando Magalhães Crespo confunde-se com a história recente da Rádio Renascença, durante e depois da transição para a democracia. Daí que este ensaio autobiográfico seja imprescindível para perceber o sucesso da emissora católica, que tanto deve à sua gerência durante mais de 30 anos.

Trata-se do depoimento de uma longa gestão, desde os tempos difíceis e agitados da revolução até aos primeiros anos deste século, passando por períodos bem marcantes, como foram, por exemplo, o do lançamento da TVI e o da constituição da NOVA – Federação dos Meios de Inspiração Cristã.

Ao longo destas páginas, escritas com grande simplicidade, percebe-se a linearidade de uma orientação que conduziu a Renascença ao topo que hoje ocupa entre os meios de comunicação radiofónica, orientação que poderíamos caracterizar como «popular» e «cristã». O segredo da Renascença foi ter sabido descobrir a alma do povo português, irmanar-se com ela, oferecendo aos que a procuravam momentos de informação, de entretenimento e de enriquecimento condizentes com a cultura, dominantemente cristã, do povo português.

A Rádio Renascença não é uma simples emissora religiosa. Bem para além dos seus programas especificamente religiosos, de grande audiência, por sinal, tem sido uma rádio generalista, de proximidade com os ouvintes, geradora de interatividade, suscitadora de identificação. O que não a impediu de diversificar públicos com o aumento de canais. A Renascença tem sabido adequar-se à crescente fragmentação do público, concomitante com a progressiva concentração da produção de conteúdos.

Fernando Magalhães Crespo tem uma particular responsabilidade nesta história de sucesso, pois soube formar, conduzir e mobilizar uma equipa a quem se devem os extraordinários resultados conseguidos ao longo destes últimos anos. (...)

 

Introdução
Fernando Magalhães Crespo

(...) Os acontecimentos, referências, entrevistas e testemunhos pessoais que vivi ao longo de 31 anos (1974-2005) revelaram-se importantes para a defesa e o crescimento da Rádio Renascença, contribuindo para a indiscutível posição de liderança que a emissora veio a ocupar no espectro radiofónico nacional. Uma posição que, aliás, é singular mesmo a nível mundial, pois em nenhum outro país, segundo o conhecimento da UNDA (Associação Católica Mundial de Rádio e Televisão) e o testemunho do padre Borgomeo, anterior diretor-geral da Rádio Vaticana, existiu outra rádio católica em situação idêntica.

São essas memórias, esse testemunho, que aqui trago. Foram mais de três décadas de trabalho intenso e dedicação total a uma causa que julgo poder dizer que valeu a pena. E, comparando a alegria que senti ao longo do período em que desenvolvi este trabalho com o esforço que tive de despender, sinto que verdadeiramente recebi «cem por um». (...)

 

FotoJoão Paulo II e Magalhães Crespo

 

Foto

 

© SNPC | 01.03.12

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Capa

Os meus 31 anos
na Rádio Renascença

Autor
Fernando Magalhães Crespo

Editora
Principia

Ano
2012

Páginas
280

Preço
15,17 €

ISBN
978-989-716-034-9













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