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Cultura, arte e teologia

O presépio na Bíblia e na arte

A primeira Boa-Nova acerca de Jesus transmitida pelos apóstolos foi a da sua paixão, morte e ressurreição: «Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu, como Senhor e Messias a esse Jesus por vós crucificado» (Act 2,36). Porque, se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado, tudo o mais cairia pela base (ver 1 Cor 15,14).

Num segundo momento, os apóstolos e discípulos recolheram vários milagres e discursos da actividade pública de Jesus, para manifestar que Ele era o Messias e Salvador prometido e enviado por Deus a Israel.

Só mais tarde, por volta dos anos 80-90, é que os evangelistas S. Mateus e S. Lucas escreveram os chamados Evangelhos da Infância. Com este objectivo: mostrar que Jesus, reconhecido e proclamado como «Filho de Deus» na sua morte (Mt 27,54), já o era desde a sua conceição no seio da virgem Maria de Nazaré por «obra do Espírito Santo» (Lc 1,35; Mt 1,20).

É nesses Evangelhos da Infância que se encontram os dados bíblicos do Nascimento de Jesus, mais ou menos representados nos presépios.

ImagemMoçambique

Jesus nasceu casualmente em Belém, aonde os seus pais tinham ido para se recensearem; com as estalagens superlotadas, sua mãe, depois de o envolver em panos, teve de o recostar numa manjedoura.

O anjo do Senhor anunciou o seu nascimento a «uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite»; outros anjos se juntaram ao primeiro, cantando o que se encontra escrito em muitos Presépios: «Glória a Deus nas alturas / e paz na terra aos homens do seu agrado» (ou por «Ele amados»).

ImagemBrasil

Os pastores seguiram as informações do anjo, «e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura» (Lc 2,1-16).

Pelos mesmos Evangelhos da Infância, sabemos que, «tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente» pedindo informações acerca do local do seu nascimento, pois tinham sido alertados por uma estrela; informados por Herodes e guiados pela mesma estrela, entraram na casa (diferente do local do nascimento, pois já haviam decorrido cerca de dois anos), «viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra» (Mt 2,1-11).

ImagemBelém, Palestina

 

As primeiras representações do Presépio

Nos parágrafos anteriores apresentei os personagens ou elementos que se podem encontrar num Presépio e têm um mínimo de base histórico-literária a julgar pelos costumes locais da época e pelos Evangelhos. Note-se que os evangelistas não falam de gruta, embora a referência à manjedoura nos permita supor uma gruta destinada à recolha de animais; nem referem o boi e o jumento. Também não dizem que os magos eram reis e apenas três, nem as suas cores e os seus nomes; nem falam de camelos, embora estes fossem o meio de transporte mais natural para vir do Oriente a Jerusalém.

ImagemAlemanha

O número habitual de três magos vem dos três presentes que eles ofereceram ao Menino; mas, nas representações antigas, esse número de personagens oscila entre dois (catacumbas de S. Pedro e S. Marcelino) e doze (tradição síria), passando por quatro (catacumbas de Domitila) e seis (num vaso do museu de Kircher, em Roma). À sua condição de reis chegou-se, não antes do século X, aplicando a Jesus o versículo 10 do salmo 72, atribuído a Salomão: «Os reis de Társis e das ilhas oferecerão tributos; / os reis de Sabá e de Seba trarão suas ofertas.»

ImagemAngola

A representação mais antiga do Natal de Jesus é num sarcófago de 343, conservado em S. João de Latrão: o Menino deitado num berço de palha rodeado por um boi e um jumento. Nas Catacumbas romanas de S. Pedro e S. Marcelino, dois personagens com vestes asiáticas e barrete frígio ladeiam uma matrona romana que segura o filho nos braços e apresentam ofertas em pratos; na de Priscila, os personagens são três, vestem cores diferentes e estendem oferendas na direcção da Virgem Maria sentada com o Menino ao colo. O conjunto mais impressionante são os mosaicos da Basílica de Santa Maria Maior, construída em Roma no século V: no arco triunfal, de 431, vê-se o Evangelho da Infância de Jesus, desde o anúncio a Maria e a José até à fuga para o Egipto; na ábside, de fins de 1200, a Dormição de Maria tem à direita a Anunciação e a Natividade e à esquerda a Adoração dos magos e a Apresentação no Templo.

ImagemZimbabué

O primeiro Presépio ao vivo foi feito por São Francisco de Assis na noite de Natal de 1223, num monte junto da aldeia de Greccio, em Itália. O seu amigo João, dono da herdade, emprestou um boi e um jumento; o povo acorreu com archotes; Francisco, diácono, proclamou e explicou o Evangelho. Dizem os biógrafos que, ao pronunciar o nome de Jesus, o Santo passava a língua pelos lábios como que a saborear mel; ao dizer Belém, a sua voz balia como a de um cordeiro; e quando pegou no Menino ao colo, a imagem de Jesus, em barro, animou-se e sorriu-lhe.

 

As imagens pertencem a presépios da coleção da comunidade de Fátima dos Franciscanos Capuchinhos, que conta cerca de mil exemplares. A congregação pertence construir um museu para expor e guardar as peças.

 

Fr. Lopes Morgado, ofm cap
In www.capuchinhos.org
© SNPC | 01.12.11

Imagem
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