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Filosofia

Sampaio Bruno é «referência fundamental» da cultura portuguesa e devia ser estudado pelos futuros padres

Sampaio Bruno será o mais importante pensador português contemporâneo e a sua obra devia ser estudada pelos candidatos ao sacerdócio, defende Afonso Rocha, autor de uma obra sobre o filósofo que viveu entre 1857 e 1915.

O estudo “Natureza, Razão e Mistério, Para uma leitura comparada de Sampaio (Bruno)”, editado em 2009 pela Imprensa Nacional Casa da Moeda, foi distinguido em Lisboa a 14 de julho com a primeira edição do prémio António Quadros, atribuído pela fundação homónima.

Em entrevista à Agência Ecclesia, o professor de filosofia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica afirma que José Pereira de Sampaio Bruno é «porventura o maior filósofo português, pelo menos nos tempos modernos».

O volume ajuda a compreender a «tradição filosófica que está antes de Sampaio Bruno e com a qual ele dialogou», ao mesmo tempo que destaca a receção das ideias do pensador portuense na cultura portuguesa, de que é uma «referência fundamental».

As cerca de 650 páginas contrariam a tese de que o defensor do republicanismo está na base da fundação da chamada “filosofia portuguesa”: «Sampaio Bruno é antes de mais um pensador e filósofo de matriz universal», assinala Afonso Rocha.

O pensador adicionou o último apelido ao seu nome para evocar o filósofo e frade dominicano italiano Giordano Bruno (1548-1600), que morreu na fogueira depois de a Inquisição o ter declarado culpado de heresia, entre outras acusações.

A relação de Sampaio Bruno com o catolicismo começou na educação cristã recebida na primeira infância, «mas muito cedo, sobretudo por influência dos livros do pai, enveredou por um caminho diferente», aponta o autor.

«Entre os 20 e 30 anos, depois de uma juventude com demonstrações muito anticlericais, Sampaio Bruno virá a superar o catolicismo, e mesmo o cristianismo», nomeadamente na sua abordagem ao problema do mal.

Para Bruno, «o mal não é meramente antropológico e moral, mas tem a ver com o divino», tornando-se «uma verdade segundo a razão mas que está para além dela», refere o autor, acrescentando que as raízes religiosas do jornalista e político fundam-se no seu conhecimento da Cabala e gnose judaicas.

Afonso Rocha, nascido em 1941, considera que a Faculdade de Teologia devia preocupar-se com o estudo do pensamento de Sampaio Bruno e de outros pensadores que influenciam a cultura portuguesa atual.

«Se a teologia não tem em conta estas conceções, estará a formar futuros padres de uma maneira desenraizada e meramente teórica», fazendo que fiquem com um «certo handicap [desvantagem] numa evangelização que tenha em conta o real homem português de hoje», afirma.

O docente sublinha que «a grande razão de ser de uma universidade católica está na Teologia e Filosofia», que deviam ser «a grande aposta da Igreja Católica» em Portugal, colocando em segundo plano as restantes áreas do saber.

«Na prática, o que se tem privilegiado são as outras ciências», diz Afonso Rocha, para quem «a Faculdade de Teologia não está devidamente dotada em termos de docentes».

O prémio não pecuniário destacará anualmente uma temática diferente, indicou Mafalda Ferro, diretora da Fundação António Quadros.

 

Rui Martins
In Agência Ecclesia
31.07.11

Foto
Sampaio Bruno





















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