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Silêncio de Deus não é necessariamente maldição: cardeal Ravasi sobre o Eclesiastes

A tonalidade dominante é a da inconsistência, escreve o presidente do Conselho Pontifício da Cultura, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, no prefácio ao volume “Qohelet”, livro bíblico traduzido por Paolo Barabino (ed. Marietti, 2011).

Os doze capítulos do Eclesiastes são bem conhecidos pelo enunciado «Vanitas vanitatum», «ilusão das ilusões: tudo é ilusão», que define a realidade como vacuidade e caducidade irreversível.

«Qohelet é um sábio – refere Ravasi – um escriba, um intelectual (12, 9-10); despreza a estupidez, por 85 vezes introduz as suas reflexões na primeira pessoa, consciente da originalidade do seu pensamento. Todavia o resultado final do conhecimento é áspero: a grande sabedoria é grande tormento, quem mais sabe mais sofre (1, 13-18). O filósofo que acredita guiar o mundo, escreve um comentador, Daniel Lys, não guia senão o vento. O paradoxo da sabedoria é que a sabedoria suprema consiste em saber que a sabedoria é vento quando pretende ser suprema.»

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Então não há nenhuma diferença entre sabedoria e estupidez? Não, responde Qohelet, há uma diferença que é terrível: o sábio é atormentado, o ignorante alegra-se na sua grosseria. O Deus de Qohelet é um “Deus absconditus”, e por isso é um dos textos bíblicos mais próximos da sensibilidade do leitor contemporâneo: «A Revelação – escreve Ravasi – pode passar através da obscuridade de um homem como Qohelet, desencantado e a atravessar uma crise de sabedoria, próximo da fronteira do silêncio e da negação. O silêncio de Deus e da vida não é para a Bíblia necessariamente uma maldição, mas é uma ocasião paradoxal de encontro divino ao longo de um caminho inédito e surpreendente».

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Gianfranco Ravasi publicou em 1998 a obra “Qohelet – O livro mais original e “escandaloso” do Antigo Testamento”.

A edição inclui um comentário crítico de Michele Tavola e 12 gravuras de Alfredo Chiàpppori. O artista italiano trabalha há mais de 20 anos com Gianfranco Ravasi, tendo criado gravuras para o Apocalipse, Cântico dos Cânticos, Salmos e “Bereshit” (No princípio) (2001).

Chiàppori também colabora na revista “Panorama” com uma prancha onde aborda a realidade política transalpina.

 

Silvia Guidi
In L'Osservatore Romano, 20.12.2011
Trad.: Rui Martins
© SNPC | 21.12.11

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