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Bíblia e Arte

Livro do Apocalipse lido por Luís Miguel Cintra

Cada vez que lê o livro bíblico do Apocalipse, Luís Miguel Cintra percebe que está perante um texto "denso, complexíssimo, assustador, com uma visão terrível do juízo final". Apesar disso, o actor e encenador gosta de o ler: é "um dos textos mais discutidos de sempre e mete medo à própria Igreja".

Razões para que o actor vá à Capela do Rato, em Lisboa, ler o livro do Apocalipse, na íntegra, às 21h30 deste sábado, 26 de Junho. A ideia surgiu numa conversa com o responsável da capela, P. Tolentino Mendonça.

"O Apocalipse tem subjacente uma enorme violência de fé e de paixão", disse Cintra ao “Público”.

Escrito à volta do ano 95, quando os cristãos eram perseguidos pelo imperador Domiciano, o último livro da Bíblia tem uma forte linguagem simbólica: anjos, elementos naturais enfurecidos, o antagonismo entre o dragão (símbolo do mal) e o cordeiro (Cristo).

ImagemVisão do Trono de Deus (c. 1400)

O número sete, número perfeito na tradição judaico-cristã (os sete dias da criação...), é referência permanente. A carga simbólica "corresponde a uma fé gigantesca", diz Luís Miguel Cintra. "O que me prende é imaginar alguém capaz de escrever um texto destes. Não é o livro da Bíblia que mais me diz em termos religiosos, mas impressiona-me a atitude religiosa de quem o escreveu".

Segundo a tradição, o livro terá sido escrito pelo apóstolo João, em Patmos, mas nada o confirma. "Impressiona-me também sabê-lo escrito numa ilha no meio do mar Egeu."

"Faz parte do texto sagrado, não me importa que haja zonas obscuras, temos que nos confrontar com ele", diz ainda Cintra.

ImagemEl Greco, S. João

No primeiro dos 21 capítulos já se poderá escutar uma amostra das imagens fortes e simbólicas que pontuam o texto:

“Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava. E, ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro; no meio dos candelabros, vi alguém com aparência humana; estava vestido de uma túnica comprida até aos pés e cingido com um cinto de ouro em torno do peito; a sua cabeça e os seus cabelos eram brancos, como a brancura da lã e da neve; os seus olhos eram como uma chama de fogo; os seus pés assemelhavam-se ao bronze incandescente numa forja, e a sua voz era como o rumor de águas caudalosas; Ele tinha na mão direita sete estrelas e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; o seu rosto era como o Sol resplandecente com toda a sua força. Ao vê-lo, caí como morto, a seus pés. Mas Ele colocou a mão direita sobre mim, dizendo:

ImagemJacobello Alberegno, Apocalipse (painel central de políptico)

«Não tenhas medo!Eu sou o Primeiro e o Último;
aquele que vive.
Estive morto; mas, como vês, estou vivo
pelos séculos dos séculos
e tenho as chaves da Morte e do Abismo!
Escreve, pois, as coisas que vês, as que estão a acontecer e as que vão acontecer, depois destas.”

 

António Marujo (Ípsilon/Público) / SNPC
© SNPC | 24.06.10

Luís Miguel Cintra
SNPC

 

 

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