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Brotéria: da economia à cultura, da ética à ecologia

A edição de Abril da revista “Brotéria - Cristianismo e Cultura” abre com a análise de Francisco Sarsfield Cabral ao Programa de Estabilidade e Crescimento, num texto intitulado “PEC: um mal menor”.

“Globalmente – escreve o jornalista – o PEC parece equilibrado do ponto de vista da justiça social, tendo em conta a premência de reequilibrar as contas do Estado. Só por distracção ou ignorância se poderia esperar que essa redução não afectasse a classe média, incluindo a classe média baixa (aliás, a que mais subiu consumos nos anos recentes, muitas vezes por motivos de status social e com recurso ao crédito).”

“Por isso – conclui – são exageradas as críticas ao PEC que o classificam como um documento ‘de direita’, a maior viragem programática do PS nos últimos vinte anos, etc.”

Em “Missão e Doutrina Social da Igreja”, Tony Neves defende que a proposta eclesial neste campo “mantém-se como grito de proposta em ordem a compromissos missionários e humanitários”.

O estudo do missionário espiritano percorre os textos dos Papas desde a Rerum Novarum de Leão XIII (1890) até à Caritas In Veritate de Bento XVI (2009), apresentando ainda uma síntese do Compêndio da Doutrina Social da Igreja e das Mensagens pontifícias para o Dia Mundial da Paz.

“Para Bento XVI – assinala Tony Neves – o amor a Deus e o amor ao ‘próximo’ constituem um único mandamento e fundem-se no mais pequenino dos humanos. Por isso, Jesus usou parábolas como a do Bom Samaritano, a do Rico e do Pobre Lázaro, ou a do Juízo Final para dizer que o ‘próximo’ é qualquer pessoa que necessite de mim e eu possa ajudá-lo. O amor torna-se, assim, o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade duma vida humana e Jesus identifica-se, claramente, com os necessitados: pobres, famintos, forasteiros, nus, enfermos, encarcerados...”

Antes da viagem do Papa a Portugal, o director da “Brotéria”, António Vaz Pinto, escreveu sobre “Bento XVI, entre o escândalo e a visita”.

A pedofilia “’arruinou’ algumas dioceses norte-americanas (pelos avultados pedidos de indemnização impostos ou propostos pelas ‘vítimas’), ensombrou os últimos anos do pontificado de João Paulo II (que em privado e em público teve várias intervenções) mas acabou por rebentar, em grande, nas mãos do actual Papa, Bento XVI”, escreve o padre jesuíta.

“A meu ver – sustenta António Vaz Pinto – existe (...) uma mentalidade de fundo, contra tudo o que se refere a Jesus Cristo, à Igreja e aos seus representantes, mentalidade movida por má vontade, nuns casos, por ignorância e desinformação, noutros”.

O sacerdote propõe algumas pistas de acção para a Igreja, depois de reconhecer que a “pedofilia, o pecado dos seus membros, é uma ‘grave ferida’ (...), ferida que escandaliza a muitos e indigna e afasta a outros tantos.... Mas esta ferida, que é também uma tremenda humilhação, pode e deve levar-nos à humildade, a uma maior humildade”.

Miguel Oliveira Panão debruça-se sobre o “Pensamento ecológico a partir da encíclica “Caritas in Veritate”, de Bento XVI.

“Pensar o ambiente em termos ecológicos é muito mais do que pensar a natureza, pois o drama daquilo que liga a dignidade do ser humano à integridade da criação ocorre ecologicamente através dos relacionamentos entre a cultura, o ambiente e Deus”.

“A luz de Caritas in Veritate, este artigo – explica o investigador universitário – propõe uma síntese do pensamento ecológico nela contido e que se poderia expressar como Ecologia de Comunhão.”

O artigo começa por abordar os “deveres e direitos em relação ao ambiente”, analisando de seguida a “tríade ecológica de Bento XVI”, e prossegue com uma abordagem à “ecologia espiritual”, terminando com uma síntese, onde se pode ler: “Ao amá-la, na reciprocidade, a natureza não deixa de nos surpreender e proporcionar motivos que nos levam a encontrar na sua contemplação o sentido e significado da nossa vocação à plena comunhão com Deus”.

Daniel Serrão pergunta se “Está distraída a Assembleia da República”, uma interpelação a propósito do protocolo europeu sobre investigação biomédica.

“O Governo Português – começa por referir o professor catedrático jubilado – assinou em Fevereiro de 2005 o Protocolo sobre Investigação Biomédica”, que “também já devia ser lei no nosso País. Mas é preciso que a Assembleia da República proceda à sua ratificação, o que, decorridos mais de 5 anos, ainda não aconteceu. Será por a Assembleia considerar que este Protocolo tem pouca importância?”

Ao longo de catorze pontos, o autor convida o leitor a ajuizar sobre o interesse que o documento tem para que a lei portuguesa acolha as suas disposições.

“Cultura, natura e turismo. Pequena reflexão de um paroxista indiferente” é a proposta de Henrique de Araújo Regalo.

O arqueólogo do Parque Nacional da Peneda-Gerês faz a apologia da evasão do mundo urbano, “fugir da civilização global em busca do particular parece ser uma tendência cada vez mais desenvolvida”.

“Os rituais da caminhada, as alturas, o silêncio, o deslumbramento dos vastos horizontes ou os sítios e acidentes tectónicos favorecem e predispõem ao numinoso neste tempo laicizado mas protegido com toda a parafernália da nossa era pós-industrial”.

“A dimensão ética da existência humana é incontornável” e a “literatura constitui um lugar privilegiado para a reflexão” nesta área.

“‘Antígona’: uma perspectiva ética sempre actual” é o título do texto do jesuíta Bruno Nobre, que inicia o estudo com uma abordagem ao triângulo “‘polis’, religião, família”, continuando com considerações sobre “deontologia e teleologia” e “eros e razão”.

“A perspectiva ética de Antígona preserva uma surpreendente actualidade. Não obstante os impressionantes progressos (sobretudo ao nível da ciência e da tecnologia) alcançados pelas sociedades ocidentais desde a Modernidade, verifica-se uma tendência sistemática para a afirmação da autonomia do indivíduo. Ou seja, os interesses individuais tendem a sobrepor-se aos interesses da comunidade”, salienta o doutor em Física.

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“As consequências desta atitude fazem-se notar nos diversos âmbitos da vida em sociedade, mas afecta, especialmente as estruturas, como a família ou as religiões, cujo carácter institucional é incontornável.”

A tragédia grega, “embebida pelo espírito de uma época que colocava o acento na dimensão comunitária do existir humano, continua a ser um convite, porventura incómodo, à revisão dos critérios e valores que orientam o nosso agir”, defende Bruno Nobre.

A edição de Abril da “Brotéria” inclui ainda um texto do arquivo sobre “S. João de Deus e o seu estilo (1550-1950), além da secção de recensões.

 

rm
© SNPC | 31.05.10

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