Comunidade tenta impedir encerramento de paróquia
Nos Estados Unidos a diminuição do número de fiéis que frequentam determinadas comunidades paroquiais, a escassez de padres, bem como a necessidade de conseguir receitas para sustentar as dioceses e, em alguns casos, indemnizar as vítimas de abuso sexual, são algumas das razões que têm levado os responsáveis pastorais a proceder ao encerramento de edifícios religiosos, decisão que muitas vezes é acompanhada da venda dos imóveis e de propriedades pertencentes à Igreja Católica.
A história que apresentamos tem lugar numa dessas paróquias. Depois de conhecida a decisão de a encerrar, um grupo de fiéis tem permanecido dentro da igreja, dia e noite, tentando deste modo impedir a concretização da medida. Não é caso único. Recentemente a polícia teve de intervir, noutra diocese, para desalojar os paroquianos que também tinham ocupado uma igreja que vai fechar.
A 26 de Dezembro, cerca de 50 paroquianos tomaram a Igreja de S. Estanislau Kostka («St. Stans»), na cidade de Adams, estado de Massachusetts, EUA, em protesto contra os planos para a fechar.
A Arquidiocese de Boston, na qual a paróquia se insere, decidiu vender o terreno em que a igreja está localizada, a fim de ganhar parte do dinheiro necessário para indemnizar as vítimas do abuso sexual por parte de membros do clero.
«A igreja está fechada. Não são permitidas visitas. Se não participa na vigília [contra a venda da igreja], não podemos deixá-lo entrar».
«Somos uma comunidade dinâmica que mantém viva muitas tradições polacas», afirma Dola Scieszka-Lipinski, um membro da comunidade que foi baptizado, confirmado e casado na Igreja de St. Stans.
Os paroquianos dizem que a vigília vai durar até que o seu apelo seja escutado pelo Vaticano.
A 6 de Janeiro, dia da Epifania, a comunidade reuniu-se para entoar cânticos de Natal.
Além da escassez de fundos, a Arquidiocese enfrenta o problema da falta de padres.
A comunidade é uma das muitas que tem resistido aos planos de várias dioceses para vender algumas das suas propriedades. Há mais quatro vigílias que decorrem na Arquidiocese de Boston. Outras duas, em Nova Orleães, foram terminadas pela polícia a 6 de Janeiro.
«As pessoas vêm de perto e de longe para deixar comida e desejar-nos boa sorte», afirma um paroquiano. «Sinto-me bem ao pensar que fiz o que devia ser feito, ainda que vá para a prisão.»
Sobre o encerramento das igrejas, o responsável pelo planeamento pastoral da Arquidiocese, Mons. John Bonzagni, afirma: «Procurámos optar pela melhor decisão pastoral.»
«O sofrimento causado pelo encerramento da própria paróquia é como ver um familiar a morrer», diz Mons. Bonzagni. «Se os paroquianos de St. Stan precisam de fazer o luto desta forma, não faremos nada para interferir.» Até esta altura não foram dadas ordens para interromper o abastecimento de electricidade e de gás.
Os paroquianos em vigília estão preparados para uma longa espera.
Texto e fotografias: Time
13.01.2009
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