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Cultura

Reforçar a identidade cultural para a globalização

A identidade nacional, à semelhança da cidadania, deve ser defendida pelo reforço das suas componentes e pela sua projeção transnacional.

Como identidade cultural é feita antes de mais de memória, de património, de tradição, que devem ser reformulados aos mais elementares níveis, a partir da família e dos grupos primários até às comunidades locais. A memória da Nação deve enraizar, se na memória da família, na memória das escolas que frequentámos, e dos espaços onde conhecemos os primeiros amigos. Não pode haver auto-estima nacional que não passe pela estima dos grupos que fazem o seu tecido humano e institucional. A tradição, que é hoje tão moderna em termos comerciais, deve sê-lo também noutros domínios, deixando de ser brandida como reação contra os desafios do progresso. A antiguidade não deve ser apenas entendida como uma mais-valia comercial, mas como indispensável enraizamento para a projeção no futuro.

Como identidade cultural, a identidade nacional é linguística, e o seu reforço passa pelo revigoramento e projeção da língua e de toda a cultura literária que lhe está associada, sobretudo no mundo de redes culturais que a globalização veio potenciar.

Como identidade social, a identidade nacional pede não apenas o reforço das referências simbólicas, das marcas que nos aproximam e distinguem, mas também das pertenças básicas, cujo revigoramento, longe de contrariar, só favorece as pertenças mais vastas. Quanto maior for o sentido de pertença local, maior será o nacio­nal e o transnacional. Não seremos mais e melhor europeus, sendo menos portugueses. E seremos tanto mais portugueses, quanto mais minhotos ou algarvios, beirões ou alentejanos nos sentirmos.

A globalização não pode ser entendida como estandardização, nem redução das diferenças. Na complexidade das redes que o seu desenvolvimento favorece e possibilita, a dimensão nacional continua a ter espaço e possibilidade de afirmação, se a soubermos traduzir na nova linguagem cultural e social da sociedade da informação e do conhecimento.

 

A obra «Liberdade e compromisso»

O Professor Mário Fernando de Campos Pinto constitui uma figura insigne de académico e investigador, jurista, professor e político, cuja ação sempre se pautou por uma liderança marcante, assumindo-se defensor acérrimo da liberdade e homem de fé.  A Universidade Católica Portuguesa e, em especial a Faculdade de Ciências Humanas, que dirigiu em três mandatos, durante 13 anos, deve muito do que hoje é à sua orientação e ao seu exemplo. O conjunto de estudos coligidos neste livro refletem de modo caleidoscópico o impacto e o percurso do Professor Mário Pinto e são fruto da amizade e do reconhecimento de ilustres personalidades, de amigos, colegas e discípulos.

Neste edição podem ler-se artigos e testemunhos de D. José Policarpo, D. Maurílio de Gouveia, D. Manuel Martins, António Bagão Félix, P. Duarte da Cunha, Jorge Miranda, Rui Vilar, João Carlos Espada, Guilherme d’Oliveira Martins, Roberto Carneiro, Adriano Moreira, Jorge Jardim Gonçalves, entre outros.

O segundo volume será lançado durante este mês.

Manuel Braga da Cruz

Reitor da Universidade Católica Portuguesa

02.03.2009

 

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Capa da obra «Liberdade e Compromisso»
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