"13 reasons why" ("Por 13 razões" na distribuição em Portugal), série televisiva da Netflix, coproduzida pela cantora e atriz norte-americana Selena Gomez, de 24 anos, está a conseguir tornar-se muito falada desde que foi lançada, este ano.

Assédio escolar, violação e suicídio são os temas principais baseados na adaptação do romance epónimo de Jay Asher, nascido há 41 anos nos EUA.

Hannah Baker (Katherine Langford) parece ser uma adolescente como as outras. No entanto, decide pôr fim aos seus dias cortando as veias. Antes desse ato, grava sete cassetes de áudio nas quais explica 13 razões para a decisão.

Os registos centram-se em alguns dos seus colegas, revelando segredos que todos se esforçam por esconder. Com histórias de droga, álcool e violação, Hannah e os colegas de turma levam uma vida bem menos sensata do que os seus pais e professores imaginam.

Em algumas semanas, a série de 13 episódios - um por cada lado das cassetes - bateu vários recordes, tendo-se tornado a série mais mencionada no Twitter em 2017.

O sucesso explica-se por vários motivos. O primeiro é a narração da história. O espetador é capturado por ela e espera com impaciência descobrir o outro lado da gravação.

Quem estará presente nas cassetes? Por que sofrimentos passou Hannah para chegar ao suicídio? Estará ela a contar a verdade? Qual foi o acontecimento que desencadeou a decisão? O suspense está fortemente presente ao longo dos episódios e o espetador dificilmente consegue tirar os olhos do ecrã.

Por outro lado, ainda que esta série seja ficcional, ela aborda temas muito atuais e vividos por numerosos adolescentes em vários pontos do globo. Os seus realizadores esperam que ela permita abrir o debate e salvar vidas.

No contexto da série foi criada a página 13reasonswhy.info, que propõe, para 20 países, ligações para organismos de escuta e prevenção do suicídio. Em Portugal, apresentam-se os contactos da SOS Voz Amiga.

A atriz Katherine Langford, que viu centuplicar a sua quota de popularidade nas redes sociais, propõe aos seus seguidores aquela página, bem como o site itsonus.org, que luta contra toda a forma de assédio.

No entanto, várias associações e instituições escolares têm mostrado inquietação pelo sucesso da série, acusando-a de "glamorizar" a morte autoprovocada.

Há quem tema que os adolescentes se inspirem no suicídio de Hannah, que é mostrado completamente no último episódio da primeira temporada. Outros consideram que a série não preconiza o diálogo em caso de depressão, sugerindo que o suicídio é uma solução como outra qualquer.

Se ambas as posições são compreensíveis, uma coisa é certa: a série tem o interesse de destacar as situações vividas por um grande número de adolescentes que, na maior parte dos casos, nunca se falam. O que permitirá, talvez, a alguns pais e educadores tomarem delas consciência.