«Disse ao anjo que preside à porta do templo: "Dá-me, peço-te, uma lâmpada, a fim de que, com passo seguro, possa ir ao encontro do desconhecido". Mas o anjo respondeu-ne: "Vai antes na escuridão e mete a tua mão na mão de Deus. Ela é melhor do que uma lâmpada e mais segura do que um caminho conhecido».
Desde 1731 a Igreja evangélica dos Irmãos Morávios prepara anualmente um livro de leituras bíblicas diárias, a que se acrescenta um breve texto de meditação, na prática um estímulo à reflexão. Foi na edição italiana, intitulada "Um dia uma palavra", que encontrei a bela parábola chinesa que citei.
A tentação forte é a de procurar uma lâmpada à luz da qual ordenar o nosso passo: esta imagem poderia reenviar para a capacidade da nossa razão, uma realidade preciosa que Deus nos deu. Ela é certamente útil para aclarar o pequeno horizonte em que nos movemos; mas nunca será capaz de romper e dispersar totalmente a treva.
Eis, então, o outro símbolo, da mão, melhor, das duas mãos que se entrelaçam, figuração da fé. Ela é, por excelência, um confiar-se a Deus no tempo da escuridão, com a certeza de que Ele nunca dará um escorpião venenoso se se lhe pede um ovo, para usar a célebre frase evangélica oriunda da vida do deserto (Lucas 11, 12).
Arriscar mais vezes, escolhendo o caminho reto da verdade, do amor e da justiça, em vez de nos apegarmos aos nossos cálculos e às nossas manobras, é fonte de paz e de serenidade. Tornemo-nos, então, como as crianças que coclocam com confiança a sua mão na mão do Pai.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi