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A pergunta mais profunda: Meditação sobre o Evangelho de Domingo

Imagem Lava-pés | Giotto | C. 1305 | Capela Scrovegni | Pádua, Itália

A pergunta mais profunda: Meditação sobre o Evangelho de Domingo

«Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: "Quem dizem os homens que Eu sou?".
Eles responderam: "Uns dizem João Batista; outros, Elias; e outros, um dos profetas".
Jesus então perguntou-lhes: "E vós, quem dizeis que Eu sou?".
Pedro tomou a palavra e respondeu: "Tu és o Messias"».
Ordenou-lhes então severamente que não falassem dele a ninguém.
Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas.
Então, Pedro tomou-o à parte e começou a contestá-lo.
Mas Jesus, voltando-se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: "Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens" (...). (Marcos 8, 27-35, Evangelho do 24.º Domingo do Tempo Comum, 13.9.2015)

Jesus interroga os seus, quase uma sondagem de opinião: quem diz o povo que Eu sou? E a opinião das pessoas é bela e incompleta: dizem que és um profeta, um dos grandes!

Mas Jesus não é simplesmente um profeta do passado que regressa, ainda que o maior de todos. É preciso continuar a procurar: e vós, quem dizeis que Eu sou?

Não pede uma definição abstrata, mas o envolvimento pessoal de cada um: «E vós...». Como se dissesse: não quero coisas que tenham ouvido dizer, mas uma experiência de vida; o que é que te aconteceu quando me encontraste?

E aqui cada um é chamado a dar a sua resposta. Cada um deve fechar todos os livros e catecismos, e abrir a vida.

Jesus ensinava com as perguntas, com elas educava para a fé, desde as suas primeiras palavras: que procurais? (João 1, 38). As perguntas, palavras tão humanas, que abrem caminhos e não encerram em espaços fechados, palavras de crianças, talvez as nossas primeiras palavras, são a boca sequiosa e esfomeada através da qual as nossas vidas exprimem desejos, respiram, comem, beijam.

E vós, quem dizeis que Eu sou? Jesus estimulava a mente das pessoas para as impelir a caminhar dentro de si e a transformar a sua vida. Era um mestre da existência e queria que os seus fossem pensadores e poetas da vida.

Pedro responde: Tu és o Cristo. E aqui é o ponto de reviravolta da narrativa: ordena-lhes que não falem dele a ninguém. Porque ainda não viram o definitivo. Com efeito: começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, ser morto e, três dias depois, ressuscitar.

Quereis saber verdadeiramente alguma coisa de mim e de vós? Dou-vos um encontro: um homem na cruz. Antes, ainda, o encontro de Cristo será outro: alguém que se inclina a lavar os pés aos seus.

Quem é Cristo? O meu "lava-pés". De joelhos, à minha frente. As suas mãos nos meus pés. Verdadeiramente, como Pedro, dizemos: um messias não pode fazer assim. E Ele: sou como o escravo que te espera e te lava os pés quando regressas. Tem razão Paulo: o cristianismo é escândalo e loucura.

Agora percebemos quem é Jesus: é beijo a quem o trai; não despreza ninguém, despreza-se a si mesmo; não derrama o sangue de ninguém, derrama o próprio sangue. E depois, o encontro da Páscoa. Quando nos captura a todos dentro da sua ressurreição, arrastando-nos para o alto.

Tu, que dizes de mim? Também eu faço a minha profissão de fé, com as palavras mais belas que tenho: Tu és o melhor da minha vida. És para mim o que a primavera é para as flores, o que o vento é para a borrasca. Vieste e fizeste resplandecer a vida. Impossível amar-te e não tentar assemelhar-te, em ti mudado/ como semente em flor (G. Centore).

 

Ermes Ronchi
In "Avvenire"
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 10.09.2015

 

 
Imagem Lava-pés | Giotto | C. 1305 | Capela Scrovegni | Pádua, Itália
E vós, quem dizeis que Eu sou? Jesus estimulava a mente das pessoas para as impelir a caminhar dentro de si e a transformar a sua vida. Era um mestre da existência e queria que os seus fossem pensadores e poetas da vida
Quereis saber verdadeiramente alguma coisa de mim e de vós? Dou-vos um encontro: um homem na cruz. Antes, ainda, o encontro de Cristo será outro: alguém que se inclina a lavar os pés aos seus
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