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Alto Comissário da ONU para os Refugiados enaltece gestos, palavras e «dimensão moral» do papa

Imagem Filippo Grandi e papa Francisco | Vaticano | 15.9.2016 | © L'Osservatore Romano

Alto Comissário da ONU para os Refugiados enaltece gestos, palavras e «dimensão moral» do papa

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o italiano Filippo Grandi, encontrou-se hoje com o papa, no Vaticano, para debater as condições de vida das populações deslocadas e as causas que têm obrigado ao êxodo forçado de centenas de milhares de pessoas.

«Para mim foi uma ocasião extraordinária para dizer ao papa o quanto a sua voz pública é indispensável para a causa que defendemos, para a causa de milhões de refugiados, deslocados, pessoas em fuga da guerra, das perseguições e assim por diante. A sua mensagem de solidariedade é fundamental, hoje», afirmou à Rádio Vaticano o sucessor de António Guterres desde o primeiro dia de 2016.

«O gesto que realizou, quando foi a Lesbos e trouxe para Roma os refugiados chegados à Grécia, foi um de muitos. Por isso, este agradecimento e esta confirmação do seu compromisso a favor dos refugiados, e também a sua preocupação pelos fechamentos, pela recusa, pela falta de solidariedade da parte de muitos governos, foram os temas muito importantes deste encontro», salientou.

Durante o encontro, o papa explicou a Filippo Grandi que o Vaticano instituiu um departamento para o Desenvolvimento Humano: «Confirmou-me que vai ocupar-se pessoalmente da questão dos refugiados».

«Isto, a meu ver, é um sinal forte, importante, e pelo qual estamos muito satisfeitos. Eu represento uma instituição das Nações Unidas, fazemos um trabalho também legal, institucional, político e operativo, e portanto a figura do papa projeta esta causa numa dimensão moral universal que é muito, muito importante», frisou.

O encontro realizou-se poucos dias antes da cimeira que na próxima segunda-feira, em Nova Iorque, vai juntar pela «primeira vez», no âmbito da assembleia-geral da ONU, Chefes de Estado e de Governo para discutirem «a temática global dos deslocamentos de população, ou seja, refugiados e migrantes».

A reunião entre o papa e Filippo Grandi ocorreu no mesmo dia em que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) apresentou um relatório que documenta as carências na instrução infantil, em que se refere que 3,7 milhões das seis milhões de crianças em idade escolar que pediram refúgio não têm possibilidade de frequentar a escola.

«A instrução dos refugiados é gravemente negligenciada, quando representa uma das poucas ocasiões à disposição para transformar e construir as gerações futuras», considera Filippo Grandi, que entre os graus académicos recebidos tem o de Filosofia, obtido na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma.

Segundo o estudo, de todas as crianças refugiadas metade frequenta a escola básica, 22 por cento o ensino que se segue ao ciclo elementar e apenas um por cento chega à universidade.

«Isto é grave. Todas as crianças têm direito à educação e precisam de educação, mas mais do que nunca as crianças refugiadas que vivem já numa situação de exílio e que, portanto, foram desenraizadas do seu contexto, são vulneráveis do ponto de vista social e económico e precisam da solidez da educação para poderem entretanto construir uma personalidade, sobretudo em situação de exílio, mas também para se prepararem para um futuro no qual a sua condição de refugiados terminará, seja por regressarem a casa, que seria o melhor, seja porque são acolhidos noutro local», frisou.

O fenómeno das migrações forçadas está espalhado pelo mundo, sublinhou o Alto Comissário no fim da entrevista: «Fala-se muito da crise na Europa, mas não esqueçamos que 90 por cento dos refugiados, deslocados e outras pessoas que fogem encontram-se em países fora da Europa, em países que têm menos recursos».

Após a reunião com o papa, Filippo Grandi evocou o encontro na rede social "Twitter": «A voz do papa Francisco dá força aos fracos e esperança aos marginalizados. Eu agradeci-lhe por apoiar os refugiados».

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 15.09.2016

 

 
Imagem Filippo Grandi e papa Francisco | Vaticano | 15.9.2016 | © L'Osservatore Romano
«Fala-se muito da crise na Europa, mas não esqueçamos que 90 por cento dos refugiados, deslocados e outras pessoas que fogem encontra-se em países fora da Europa, em países que têm menos recursos»
Após a reunião com o papa, Filippo Grandi evocou o encontro na rede social "Twitter": «A voz do papa Francisco dá força aos fracos e esperança aos marginalizados. Eu agradeci-lhe por apoiar os refugiados»
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