O filme “Chiamatemi Francesco”, considerado o primeiro sobre o papa Francisco, terá hoje a antestreia no Vaticano, e os sete mil ingressos disponíveis foram «exclusivamente reservados» a pessoas sem recursos financeiros e a voluntários ao seu serviço de Roma e arredores.
«O Santo Padre quis convidar os pobres, os sem-teto, os refugiados, as pessoas mais carenciadas, juntamente com os seus voluntários, religiosos e leigos, que trabalham diariamente na caridade», anunciou a Esmolaria Apostólica em comunicado divulgado pela Rádio Vaticano.
Antes da projeção, a Banda Musical da Guarda Suíça Pontifícia oferecerá a todos os «hóspedes de honra» convidados para a Sala Paulo VI a execução de alguns trechos musicais, seguindo-se uma breve apresentação e a saudação do realizador do filme, Daniele Luchetti, e de alguns dos protagonistas.
No fim da exibição serão oferecidos produtos doados propositadamente para a ocasião por alguns benfeitores, conclui o comunicado.
“Chama-me Francisco”, a estrear nas salas de cinema italianas a 3 de dezembro e que até agora foi vendido para 40 países, conta a história de Jorge Bergoglio desde que decide abandonar os estudos em Química e a namorada para entrar na vida religiosa.
A narrativa acompanha o protagonista nos primeiros anos como jesuíta, durante o difícil período da ditadura na Argentina, que o filme mostra com realismo, e depois como responsável pela comunidade nacional da Companhia de Jesus, quando acabou por esconder seminaristas e jovens que fugiam à polícia política.
A missão como “padre de estrada”, já nos anos 90, o chamamento de S. João Paulo para se tornar bispo auxiliar de Buenos Aires e a atenção às periferias, na capital da Argentina, são algumas das etapas apresentadas no filme, que termina com imagens reais da Praça de S. Pedro, no Vaticano, quando Francisco saúda a multidão.
O realizador, citado pelo jornal “La Repubblica”, pretendeu evitar fazer de Bergoglio um «santinho», dando antecipadamente ao espectador a ideia de que iria ser o futuro bispo de Roma.
«O meu modelo foi “A rainha”, de Stephen Frears”, revelou Daniele Luchetti, acrescentando que a equipa falou com muitas pessoas na Argentina: «Em Buenos Aires não existe praticamente ninguém que não tenha uma recordação pessoal do papa».
O produtor revelou que uma cópia do filme, com legendas em inglês, foi enviada para o presidente dos EUA, Barack Obama.
«Senti sobretudo a responsabilidade de retratar uma figura da sua estatura; a dificuldade não foi tanto interpretá-lo de maneira credível exteriormente, mas expressar a sua emotividade, interioridade e espiritualidade», afirmou o ator argentino Rodrigo de la Serna, o primeiro protagonista de Bergoglio, personagem que quase o ensinou a rezar.
Sergio Hernandez, que interpreta o Bergoglio da maturidade, que chega a Roma para o Conclave, destacou a importância do filme: «É seguramente o papel mais importante da minha carreira».
«Comecei esta viagem que não acreditava e hoje encontro-me, se não for por outros motivos, a acreditar nas pessoas que acreditam. Na Argentina conhecemos padres extraordinários e o encontro com a figura do papa Francisco seduziu-me completamente», declarou o realizador.
Rui Jorge Martins