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Antoine Sibertin-Blanc fez do órgão uma oração

Foi o organista titular da catedral de Lisboa durante quase meio século. Antoine Sibertin-Blanc, que morreu há um ano, a 17 de novembro, fez do órgão uma oração, afirma o atual pároco da Sé, cónego Luís Manuel Pereira da Silva.

Em Paris, onde nasceu, concluiu os cursos de Piano, Órgão, Improvisação, Canto Gregoriano, Direção Coral e Composição. Foi organista nas igrejas de Saint Joseph, La Madeleine e Saint Merri.

Em 1955 trocou a capital francesa pelo Luxemburgo, onde ficou até 1961, viajando depois para Lisboa, onde passou a ensinar no Centro de Estudos Gregorianos, recentemente criado.

Quando em 1965 foi inaugurado o órgão da sé patriarcal de Lisboa, Sibertin-Blanc apresenta a candidatura como organista, tendo sido selecionado.

«Fiquei muito feliz porque era o meu sonho ser organista de uma catedral! Recordo-me de quando era novo, e estava em Paris, gostava muito de ir até à catedral de Notre Dame ouvir os órgãos. A minha paixão nasceu desde então e nunca foi quebrada», contou em 2011 ao jornal "Voz da Verdade", do patriarcado de Lisboa.

O testemunho do cónego Luís Manuel Pereira da Silva, que além de pároco da Sé, é professor de Liturgia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

«O meu conhecimento do professor Sibertin divide-se em duas fases: quando ia à catedral e participava nos pontificais, via-o e ouvia-o a tocar, mas sem contacto direto; depois, quando fui nomeado pároco da Sé, passei a ter uma relação pessoal com ele.

Guardo muitas recordações: primeiro, a sua competência no acompanhamento do canto litúrgico, a sua espiritualidade e a sua atitude. A nível mais humano, sublinho a maneira como ele incentivava o coro paroquial e o trabalho que realizou nesse sentido durante muitos anos. Aos domingos tocava na missa das 11h30, sempre fidelíssimo, independentemente de o coro ser mais ou menos numeroso.

Tinha uma formação muito boa, de França - o seu trabalho antes de vir para Portugal foi muito cuidado. Esse rigor continuou enquanto professor da Escola Superior de Música, formando muitos dos atuais organistas.

Antoine Sibertin-Blanc

Durante a semana passava horas a trabalhar e a ensaiar na sé. Foi um mestre que viveu para o órgão e para a música.

Era um homem muito humilde, discretíssimo. Muito preocupado em realçar os aspetos positivos das pessoas, das situações, das execuções, sempre com uma palavra acalentadora para todos. Nunca reivindicou grande protagonismo ou atos de reconhecimento da sua competência.

Havia uma dimensão que eu apreciava muito na sua execução: a espiritualidade. O professor via as peças antes, metia-se dentro delas, fazia-as suas e interiorizava-as, e isso refletia-se nas suas improvisações a iniciar ou a concluir as peças. Era um homem que, de certa forma, rezava no órgão, e com o órgão, a liturgia, os textos e a música. Isto conferia à celebração e ao seu trabalho uma enorme grandeza.

Lembro-me que quase todos os domingos, especialmente no verão, época de grande intensidade no turismo, o professor improvisava um tema no final da celebração, às vezes durante dez minutos, sem esforço nenhum. Quando ele terminava, irrompia palmas das pessoas que o ficavam a ouvir, presas ao seu génio e espiritualidade.

O senhor professor foi organista da sé durante 51 anos, com três patriarcas: D. Manuel Gonçalves Cerejeira, D. António Ribeiro e D. José Policarpo. Durante esse tempo ensinou e ajudou a rezar várias gerações de leigos, e também de padres que passaram pelo Seminário dos Olivais e hoje estão na nossa diocese.

"Padre Luís, sempre desejei que a catedral tivesse um coro oficial, e estou muito feliz por ele estar a surgir", disse-me na fase final vida. Amava a liturgia e serviu-a como ninguém. Para mim é uma perda muito grande. Para lá de todo o seu saber, era a sua pessoa, a sua afabilidade, a sua grande amizade.»

António Duarte é hoje o organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa, sucedendo a Antoine Sibertin-Blanc, comendador da Ordem de Santiago de Espada.

 

 

 

Depoimento: Cón. Luís Manuel Pereira da Silva
Redação: Rui Jorge Martins
© SNPC | 20.11.13

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Antoine Sibertin-Blanc
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