Conselho Pontifício da Cultura
Átrio dos Gentios de Palermo pode servir de modelo para Guimarães
O presidente do Conselho Pontifício da Cultura considera que o programa do Átrio dos Gentios realizado quinta e sexta-feira em Palermo, Itália, pode repetir-se nos próximos encontros, entre os quais se inclui o de Guimarães, em novembro.
A iniciativa que decorreu na capital da ilha Sicília «pode tornar-se um modelo» caracterizado «sobretudo pela combinação entre diversos componentes», afirmou D. Gianfranco Ravasi à Rádio Vaticano.
«O elemento talvez mais sugestivo é a multiplicidades das vozes. Vozes de gerações diferentes, experiências diferentes e por vezes escolhas profundamente diferentes», referiu o cardeal italiano, que elogiou a participação das crianças, «absolutamente original e criativa».
Esta sessão do Átrio dos Gentios, plataforma de diálogo entre crentes e não crentes promovida pela Igreja Católica, foi dedicada ao tema “Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa”, tendo como pano de fundo a influência da Máfia.
Sessão final do Átrio dos Gentios, em Palermo
Às vozes «do martírio» e «do sofrimento de um povo esmagado pela criminalidade» juntou-se a «experiência de ter proposto a universidade como grande espaço de confronto de alto nível sobre ideias e temas e, a terminar, sobre diferentes escolhas de educação».
De acordo com o programa o encontro terminou no adro da catedral de Palermo com um debate entre personalidades do mundo académico «aberto a todos os habitantes de Palermo e aos jovens da ilha».
Gianfranco Ravasi frisou que «a Máfia não é uma cultura alternativa mas é uma anticultura, não é uma forma de cristianismo particular – devocional – mas um anticristianismo».
Referindo-se ao padre Pino Puglisi, assassinado pela Máfia em 1993, no dia do seu aniversário, o cardeal salientou que o sacerdote «pode representar – quando entrar na beatificação – o martírio pela fé».
P. Pino Puglisi
Bento XVI visitou a Sicília, em outubro de 2010, tendo deixado palavras e gestos simbólicos contra a Máfia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.
Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, o papa parou em Capaci, no local onde o juiz Giovanni Falcone foi morto, depositando uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória das vítimas da criminalidade organizada.
Rui Jorge Martins
© SNPC |
17.04.12

D. Gianfranco Ravasi





