O disco "Cantate Domino", o primeiro a ser registado na Capela Sistina para gravação comercial, vai ser lançado esta sexta-feira, numa produção da editora Deutsche Grammophon.
O CD, com obras de Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), Orlando Di Lasso (1532-1594), Gregorio Allegri (1582-1652), Felice Anerio (1560-1614) e Tomas Luis de Victoria (1548-1611), é interpretado pela Capela Musical Pontifícia.
O coro pessoal do papa, conhecido por Sistina, é composto por 20 adultos e 30 adolescentes, dirigidos pelo padre Massimo Palomnella (n. 1967), a que se juntaram, para este trabalho, a cantora de ópera Cecilia Bartoli e o maestro de coros Roberto Gabbiani.
Entre as peças, cantadas em latim, incluem-se dois cantos gregorianos e uma gravação inédita da versão original do "Allegri Miserere", revela a BBC, acrescentando que as gravações foram realizadas utilizando um estúdio especialmente construído pela editora, com a mesa de mistura colocada em sala anexa.
A produtora, Anna Barry, nomeada em 1995 para o "Grammy" na categoria de Produtor, qualificou de «privilégio arrebatador» poder gravar entre os frescos de Miguel Ângelo.
As 16 faixas, num total de 59 minutos, seguem o caminho do ano litúrgico da Igreja católica desde o Advento à preparação para a Páscoa, explica a edição desta quinta-feira do jornal "L'Osservatore Romano", do Vaticano.
O disco vai ser apresentado a 29 de setembro, no Vaticano, com a presença do diretor da editora e do maestro, entre outros intervenientes.
A Sistina é a mais antiga instituição coral do mundo, tendo seguido a vida litúrgica dos pontificados em todos os seus desenvolvimentos históricos. Giovanni Pierluigi da Palestrina, Luca Marenzio, Cristóbal de Morales, Costanzo Festa, Josquin Desprès, Jacob Arcadelt e Gregorio Allegri foram alguns dos compositores que no Renascimento, período abrangido pelo CD, trabalharam ao serviço da instituição.
O espaço onde normalmente o agrupamento executava as obras era o oratório anexo ao palácio apostólico do Vaticano, mandado construir pelo papa Sisto IV, e que ficou conhecido como Capela Sistina, pintada com frescos de Perugino, Pinturicchio, Signorelli, Botticelli, Ghirlandaio e Miguel Ângelo.
Sisto IV reorganizou o colégio dos cantores papais em 1471, tendo determinado que a Capela Musical Pontifícia se tornasse o coro pessoal do pontífice. O nome "Sistina" foi adotado em homenagem ao papa e também porque, habitualmente, o coral cantava na capela homónima.
Precisamente neste oratório foi executado muito repertório renascentista composto para as celebrações papais e escrito para esse ambiente acústico específico, explicou Massimo Palombella.