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Sociedade

Contrariar a ideologia da decadência

Desde o Ultimatum de 1890 quando Lord Salisbury ameaçou o estatuto imperial do nosso país que Portugal não se vê tão absorvido numa ideologia da decadência.

Os desafios que se avizinham assustam – é bem verdade. Esgueiram-se como correntes de ar nas casas dos portugueses e portuguesas. A crise financeira e política parece aninhada numa desconfiança geral. Estamos entrelaçados no nosso casulo por ramos espinhosos de informação: são pedaços pequenos com os quais queremos nos proteger do vento e frio mas arranham o conformismo. Muita informação impede por vezes que se veja além do nosso fatalismo.

Desconfiar em tudo e todos parece o caminho mais fácil, mais do que acreditar na força atrativa do Oceano, no grande mar povoado de tempestades onde já se escreveu história. Ernest Renan escreveu que cada nação assenta num consenso centrado não só sobre o que recordar mas também sobre o que esquecer. Eu receio que continuemos a centrar o português nessa hiperamnésia de valores que atravessam os discursos e as práticas quotidianas.

Na semana passada evocava-se Françoise Dolto num painel sobre a Bíblia e a Psicologia, onde se lembrava que aquela precursora da psicanálise em criança perguntava porque implicavam tanto com Judas quando sem ele jamais haveria a paixão de Jesus? Escolhido para levar o Mundo a ver como Cristo era o filho de Deus, não estamos nós inocentes almas a implicar tambem com o nosso Império do sentido? Onde sopra uma razão ao sentido não vale a pena calafetarmo-nos. Vivamos o nosso império do sentido de ser português com a devida paixão!

Uma nova estrutura de incentivos à confiança dos portugueses impõe-se. Hoje temos um enorme desafio no coletivo, mas que passa por cada um de nós. Esquecemos como desviados estamos das qualidades morais como a “franqueza”, a “lealdade”, a “tenacidade” e a “coerência entre o pensamento e a ação” tradicionalmente referido por intermédio da expressão “português velho”.

Em verdade o Ultimato britânico inspirou a letra do hino nacional português, "A Portuguesa". Hoje, na relação tensa com que vivemos a crise podemos confiar mais e viver menos a falha de memória coletiva gerindo talvez a nossa memória individual. Entre a história e o nosso testemunho está um oceano por navegar, onde velas suplicam o vento, e o vento surge das correntes de ar, as mesmas que se esgueiram na nossa vida.

 

Este texto integra a próxima edição (n.º 15) do "Observatório da Cultura", publicação semestral do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

 

Tiago Valladares Pacheco
Investigador do SIPA (School of International and Public Affairs), Universidade de Columbia, EUA
© SNPC | 28.04.11

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