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Cultura não é «ornamento de luxo» nem «problema marginal no desenvolvimento humano»

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Cultura não é «ornamento de luxo» nem «problema marginal no desenvolvimento humano»

«Falar do lugar da cultura hoje, numa sociedade como a portuguesa, é compreender que não estamos perante um problema marginal no desenvolvimento humano, nem em face de um tema só de alguns», considera Guilherme d'Oliveira Martins.

Em texto publicado na página do Centro Nacional de Cultura, instituição a que preside, e que em 2015 comemora 70 anos, o responsável acentua que «o lugar da cultura não se pode confundir com um ornamento ou um luxo, mas tem de estar implicado no contrato social, no projeto de desenvolvimento e na confiança». 

«A cultura é uma realidade transversal, que não se dá bem com o isolamento e o sentimento de autossuficiência», defende, acrescentando que o seu lugar «não é o da identidade, mas o da compreensão universalista das raízes e da vida», que, sem esquecer o que diferencia determinado povo, «procura um sábio equilíbrio entre a proximidade e uma visão humanista de conjunto».

«Os melhores momentos» da história corresponderam a «alianças» que permitiram aos portugueses «ser pioneiros e protagonistas», pelo que é precisa «inteligência crítica para aproveitar o melhor possível as novas circunstâncias e a própria incerteza».

A proteção da herança recebida e a abertura às tendências que marcam o presente e antecipam o futuro constituem um binómio essencial para o desenvolvimento humano, sustenta Guilherme d'Oliveira Martins, que interveio na última Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, realizada a 29 de maio.

«Apenas poderemos contrariar o fatalismo do atraso se percebermos que uma sociedade culta tem de cuidar do que recebe das gerações passadas e de usar como modo de ação a abertura, o cosmopolitismo, a eficiência, a equidade e a justiça», sustenta.

Neste sentido, prossegue, é necessário «criar meios duráveis, legítimos e independentes» para evitar que «a defesa do património e a criação artística» fiquem «dependentes de oscilações eleitorais ou de gosto ou de meras vicissitudes do mercado – devendo estar submetidas a regras de serviço público e de interesse geral».

Dar relevo à cultura e combater o seu menosprezo é tarefa que nasce e se consolida com «educação de qualidade», «investigação científica», «cooperação internacional» e «avaliação exigente» do que é feito.

«A educação e a formação visam formar cidadãos (e não só profissionais), conscientes de que a aprendizagem é o verdadeiro fator de desenvolvimento. E se nos referimos à arte de aprender mais e melhor, temos de a ligar à capacidade de responder aos desafios que nos são lançados pela economia e pela sociedade», aponta.

Para Guilherme d'Oliveira Martins, «liberdade igual e igualdade livre, reciprocidade entre direitos e deveres, são elementos cruciais para que cultura e cidadania se completem naturalmente, com igual consideração e respeito por todos», cuidando simultaneamente do que «é próprio e é comum».

«O lugar da cultura não pode ser preservado» se o encontro e o diálogo forem contrariados «em nome da fragmentação e de uma conflitualidade desregulada», assinala.

O Centro Nacional de Cultura foi fundado em 1945 por Afonso Botelho, António Seabra e Gastão da Cunha Ferreira.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 13.06.2015 | Atualizado em 26.04.2023

 

 

 
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Apenas poderemos contrariar o fatalismo do atraso se percebermos que uma sociedade culta tem de cuidar do que recebe das gerações passadas e de usar como modo de ação a abertura, o cosmopolitismo, a eficiência, a equidade e a justiça
O lugar da cultura não pode ser preservado» se o encontro e o diálogo forem contrariados «em nome da fragmentação e de uma conflitualidade desregulada
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