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Evocação

D. Gabriel de Sousa, abade de Singeverga e homem de cultura, nasceu há 100 anos

A 17 de março de 1912 nascia Joaquim de Sousa, no lugar das Cavadas, freguesia de São Cosme de Besteiros, concelho de Paredes, Porto. Órfão desde tenra idade, fez os estudos humanísticos no Mosteiro Beneditino de Samos, na Galiza, de 1924 a 1926, quando regressou à comunidade de Singeverga, em Portugal, onde viria a assumir o nome de Gabriel.

Como monge e sacerdote, padre Gabriel foi sempre observante, um discreto mas fiel colaborador dos superiores, quer do padre António Coelho, quer de D. Ildefonso Santos Silva, quer do primeiro Abade de Singeverga, D. Plácido Ferreira de Carvalho.

Fr. Gabriel de Sousa foi o primeiro monge a emitir os votos solenes em Singeverga, dentro da Congregação da Anunciação, a 21/03/1933; foi ordenado sacerdote a 29/07/1934.

D. Gabriel de Sousa, com 38 anos de idade, foi eleito, ao primeiro escrutínio, 2.º Abade de Singeverga (08/11/1948), cargo vitalício que o levaria a atravessar com preocupação o agitado período do Concílio Vaticano II e a pedir a resignação abacial (09/12/1966) após 18 anos e trinta dias de governo monástico.

Foi ele quem, não tendo estudado em universidades, procurou enriquecer, intelectualmente, a comunidade de Singeverga enviando monges a estudar em diversos campos do saber eclesiástico, convencido de que se nenhum monge é uma enciclopédia, o mosteiro deve ser uma enciclopédia de sábios. De facto, enviou monges a estudar em Lovaina, Paris, Roma, Monserrate, Salamanca, Würtsburgo. Guiava-o a ideia de multiplicar os mosteiros beneditinos em Portugal e animava-o o sonho de restaurar a antiga Congregação Beneditina Portuguesa.

FotoMosteiro de Singeverga

Embalado pelo entusiasmo da Liturgia e vendo nisso uma útil forma de apostolado beneditino, fundou a revista litúrgica beneditina “Ora & Labora” (1954-1980), de que foi primeiro diretor, criando também, em formato pequeno, o “Mensageiro de S. Bento/Omnes Unum” (1954-1966).

Participou em vários Capítulos Gerais da Congregação da Anunciação a que Singeverga está ligada, tomou parte nos Congressos da Confederação dos Abades Beneditinos em Roma. Ao mesmo tempo, gostava de assistir como diretor os Oblatos Beneditinos Seculares, empenhava-se em conferências e pregações, retiros ao clero de várias dioceses e aos bispos portugueses.

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Como vice-postulador, cuidava dos processos de beatificação de Fr. Bernardo de Vasconcelos, seu antigo companheiro de Samos, da beata Irmã Maria do Divino Coração, da hoje também beata Alexandrina de Balazar, do padre Américo de Aguiar, fundador do Gaiato e ainda seu primo carnal. Também foi ele o encarregado pela Nunciatura Apostólica, em fins de 1953, de organizar a federação dos institutos religiosos em Portugal (CNIR/CNIRF), que teve a sua primeira assembleia-geral em 28/05/1954, e, como primeiro Presidente (1954-58), preparou o II Congresso dos Religiosos (Lisboa, 3-13/04/ 1958).

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Como abade emérito de Singeverga, aceitou trabalhar em Luanda como secretário da Conferência Episcopal de Angola (1967-70); depois, na metrópole, esteve no Colégio de Lamego (1970), teve residência na igreja do Bonfim, Porto (1970-79), onde fundou o “Boletim Paroquial do Bonfim” (1961-80) e aproveitou para fazer pesquisas beneditinas nos diversos arquivos do país. Foi capelão do Bom Pastor, casa de Ermesinde (1979-82), reitor da Capela-Igreja de S. Crispim, Porto (1982-1996).

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Após as obras de restauro do Mosteiro de S. Bento da Vitória, onde tantos trabalhos realizara nos anos duma entusiasmada juventude, ali se fixou (1990), falecendo a 23/1/1998. O seu corpo jaz no talhão dos monges no cemitério paroquial de Roriz, sepultado a 25/1/1998, precisamente no dia em que Singeverga celebrava 106 anos da sua fundação.

(…) Tal é a biografia e a obra deste monge beneditino ilustre, que bem o podemos classificar como o maior expoente da historiografia beneditina em Portugal na época moderna e apontar aos monges atuais como exemplo de trabalho cultural.

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Pela dignidade do seu cargo de abade de Singeverga, pela sua craveira intelectual e por todo este vasto trabalho histórico, Dom Gabriel foi, em vida, reconhecido como verdadeiro homem de cultura.

Biografia baseada em trabalho de investigação do padre Geraldo Coelho Dias, a ser publicado

 

In Agência Ecclesia
Fotografias: Mosteiro de Singeverga
16.03.12

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Foto
D. Gabriel de Sousa

 

 

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