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Em memória de Madalena Cabral (1922-2015)

Imagem D.R.

Em memória de Madalena Cabral (1922-2015)

Madalena Cabral nasceu em 1922 no Porto, mas foi na Escola António Arroio em Lisboa que realizou o curso de Artes Decorativas. Começou por dedicar-se à pintura, com maior destaque para a aguarela, que a levou a realizar algumas exposições no Porto e na capital.

Em 1948 recebeu o Prémio Henrique Pousão e, quatro anos depois, o Prémio José Tagarro. A sua aguarela “Leitura” foi adquirida para o acervo do então Museu de Arte Contemporânea de Lisboa. Ensaiou também alguns cartões para tapeçarias para a Manufactura de Portalegre.

Começou a trabalhar no Museu Nacional de Arte Antiga em 1952, onde lançou, no ano seguinte, as bases do pioneiro Serviço de Educação, orientado para a formação artística e cultural das crianças.

No ano de 1964, a sua experiência no trabalho com crianças, associada à participação ativa na vida católica - Madalena Cabral pertenceu à União Noelista Portuguesa, cuja revista “Etoile Noeliste” foi presença constante em sua casa durante a infância -, levou-a a desenvolver uma iniciativa com numerosas crianças que resultou numa exposição em Lisboa de desenhos infantis que se destinaram a ilustrar um Evangelho oferecido ao papa Paulo VI.

Entretanto, os seus conhecimentos sobre têxteis levaram-na a envolver-se na fundação do Movimento de Renovação de Arte Religiosa (MRAR), em 1953, por intermédio de Maria José de Mendonça (1905-1984), também noelista e responsável pela organização da 1.ª Exposição de Arte Sacra Moderna, que se apresentou, em 1945, no Palácio Galveias, em Lisboa.

Madalena Cabral, enquanto sócia fundadora do MRAR, manteve ao longo dos anos uma participação intensa na vida do Movimento, apresentando conferências, escrevendo artigos e organizando exposições, de que se destaca a intitulada “Paramentaria Moderna”, realizada em 1964 na sé de Lisboa.

No biénio 1959-60 foi eleita tesoureira da Direção, mas o lugar de destaque de Madalena Cabral situou-se em tudo o que se relacionava com paramentaria, matéria que procurou aprofundar sempre mais e a levou a conhecer Soror Augustina Flüeler (1899-1992), monja do mosteiro de St. Klara, em Stans, na Suíça, que foi a figura de referência na renovação da paramentaria no século XX, com quem permaneceu dez dias no seu convento, bem como a realizar um estágio numa escola em Estocolmo.

Madalena Cabral tornou-se, assim, na maior especialista sobre o tema em Portugal, confirmada tanto na teoria como numa prática realizada ao longo de década e meia - com a colaboração de Rafaela Zúquete, Luccia Vila Franca, Sereyra Amzalak, Adele Prosérpio e Babette Avilez -, dando origem a uma vasta obra composta por peças para igrejas como Santo António, em Moscavide, e Santa Isabel, em Lisboa.

Em 2002, o Museu Nacional de Arte Antiga promoveu o Encontro “Ver, Rever. Museus, Educação”, em homenagem a Madalena Cabral e ao seu papel pioneiro a nível dos serviços educativos dos museus, trabalho que foi novamente reconhecido em 2013 pela Associação Portuguesa de Museologia, que lhe atribuiu o prémio de “Personalidade do Ano na área da Museologia”.

Madalena Cabral faleceu no Porto no passado sábado. Tinha 92 anos de idade. As pessoas que tocou com a sua voz grossa e contagiou com a sua vida sempre cheia de energia não são possíveis de contabilizar.

 

Arq.º João Alves da Cunha
Grupo de Arquitetura do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Publicado em 27.01.2015

 

 
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Madalena Cabral tornou-se na maior especialista sobre o tema em Portugal, confirmada tanto na teoria como numa prática realizada ao longo de década e meia - com a colaboração de Rafaela Zúquete, Luccia Vila Franca, Sereyra Amzalak, Adele Prosérpio e Babette Avilez -, dando origem a uma vasta obra composta por peças para igrejas como Santo António, em Moscavide, e Santa Isabel, em Lisboa
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