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Encíclica "A luz da fé": O sofrimento na vida cristã

Excertos da encíclica “A luz da fé”, publicada esta sexta-feira pela Sala de Imprensa da Santa Sé. O documento, assinado pelo papa Francisco, conta com a redação do seu antecessor, Bento XVI.

São Paulo, falando aos cristãos de Corinto das suas tribulações e sofrimentos, coloca a sua fé em relação com a pregação do Evangelho. De facto, diz que nele se cumpre esta passagem da Escritura: « Acreditei e por isso falei » (2 Cor 4, 13). O Apóstolo refere-se a uma frase do Salmo 116, onde o salmista exclama: «Eu tinha confiança, mesmo quando disse: “A minha aflição é muito grande!”» (v. 10). Falar da fé comporta frequentemente falar também de provas dolorosas, mas é precisamente nelas que São Paulo vê o anúncio mais convincente do Evangelho, porque é na fraqueza e no sofrimento que sobressai e se descobre o poder de Deus que supera a nossa fraqueza e o nosso sofrimento. O próprio Apóstolo se encontra numa situação de morte que redunda em vida para os cristãos (cf. 2 Cor 4, 7-12). Na hora da prova, a fé ilumina-nos; e é precisamente no sofrimento e na fraqueza que se torna claro como « não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor » (2 Cor 4, 5). O capítulo 11 da Carta aos Hebreus termina com a referência a quantos sofreram pela fé, entre os quais ocupa um lugar particular Moisés que tomou sobre si a humilhação de Cristo (cf. vv. 26.35-38). O cristão sabe que o sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido: pode tornar-se ato de amor, entrega nas mãos de Deus que não nos abandona e, deste modo, ser uma etapa de crescimento na fé e no amor. Contemplando a união de Cristo com o Pai, mesmo no momento de maior sofrimento na cruz (cf. Mc 15, 34), o cristão aprende a participar no olhar próprio de Jesus; até a morte fica iluminada, podendo ser vivida como a última chamada da fé, o último «Sai da tua terra» (cf. Gn 12, 1), o último «Vem!» pronunciado pelo Pai, a quem nos entregamos com a confiança de que Ele nos tornará firmes também na passagem definitiva. (n. 56)

A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo. Os que sofrem foram mediadores de luz para tantos homens e mulheres de fé; tal foi o leproso para São Francisco de Assis, ou os pobres para a Beata Teresa de Calcutá. Compreenderam o mistério que há neles; aproximando-se deles, certamente não cancelaram todos os seus sofrimentos, nem puderam explicar todo o mal. A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz. Cristo é aquele que, tendo suportado a dor, Se tornou « autor e consumador da fé » (Heb 12, 2).
O sofrimento recorda-nos que o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros. Neste sentido, a fé está unida à esperança, porque, embora a nossa morada aqui na terra se vá destruindo, há uma habitação eterna que Deus já inaugurou em Cristo, no seu corpo (cf. 2 Cor 4, 16 - 5,5). Assim, o dinamismo de fé, esperança e caridade (cf. 1 Ts 1, 3; 1 Cor 13, 13) faz-nos abraçar as preocupações de todos os homens, no nosso caminho rumo àquela cidade, «cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus» (Heb 11, 10), porque « a esperança não engana » (Rm 5, 5). (n. 57)

 

Oração a Maria

A Maria, Mãe da Igreja e Mãe da nossa fé, nos dirigimos, rezando-Lhe:
Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.
Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e a sua chamada.
Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa.
Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé.
Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer.
Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado.
Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho.
Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor. (n. 60)

 

Esta transcrição omite as notas de rodapé.

 

In Encíclica "Lumen fidei" ("A luz da fé")
05.07.13

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