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«Está na altura de a Igreja e da arte contemporânea se reencontrarem», afirma Rui Chafes

Imagem Rui Chafes | D.R.

«Está na altura de a Igreja e da arte contemporânea se reencontrarem», afirma Rui Chafes

O escultor Rui Chafes considera que «está na altura de a Igreja e a arte contemporânea se reencontrarem, o que tem de ser feito com o máximo rigor e exigência».

Em entrevista publicada na mais recente edição do Jornal de Letras, o artista, distinguido com a edição de 2015 do Prémio Pessoa, declara o seu interesse pela relação «com o espaço sagrado, com a arquitetura religiosa, com o gótico, o barroco».

«São lugares de acolhimento para a arte contemporânea, que entrou em profundo divórcio com a Igreja do séc. XX. Mas é sempre tempo de retomar uma relação que sempre existiu. E é preciso fazê-lo de uma forma inteligente e pertinente», salienta.

A entrevista de duas páginas centra-se na exposição "Ascensão", que Rui Chafes concebeu para a igreja de S. Cristóvão, em Lisboa, integrada no projeto em quatro etapas "Não te faltará a distância", com curadoria de Paulo Pires do Vale.

«[Chamei "Ascensão" à exposição] porque a ascensão é feita pelas pessoas, com o seu peso, não é um trabalho divino, é um trabalho humano. Essa é a imagem mais forte das pedras gastas e foi isso que quis mostrar. E por outro lado um pouco a ideia de Jesus Cristo de uma Igreja para o mundo, uma Igreja que não está separada, mas no meio do mundo. Por essa razão, uma das minhas peças, que se chama "Estou pronto para nascer", está no exterior, sai da janela para o mundo», explica.

Para Rui Chafes, as suas esculturas «integram-se no espaço não cultural, mas de visão, de revelação»: «Quando entramos na igreja, a primeira coisa que se vê, além do altar, dos tetos e das paredes pintados e iluminados, é uma escultura enorme, vertical» [a escada].

«[As esculturas] estão a criar um espaço, um negativo do espaço, porque são intervenções negras, realmente silenciosas. Nesse sentido, não são mais um santo, uma peça barroca, mas uma sombra austera que cria o seu próprio mistério, a sua inquietação e, como sempre, uma relação com a palavra. Mas no meio de toda aquela arquitetura, nem todas as pessoas verão as esculturas, nem da mesma maneira», assinala.

Uma das peças expostas «funciona completamente na escuridão»: «É preciso que os olhos se habituem ao escuro para a ver. E é uma peça que está a flutuar, muito simples: uma superfície negra com um lanho, uma ferida negra».

«Chama-se "Véu", um véu que é uma ferida, como uma figura velada. Parte um pouco da ideia do Cristo velado, coberto de panos. Mas esses panos transformam-se na verdade em escuridão e só se vê a ferida. E está suspensa, a pairar sobre um túmulo», acrescenta o escultor.

Na entrevista Rui Chafes qualifica de «admirável» a relação da igreja com a comunidade, através do pároco, padre Edgar Clara: «Ele tem um comportamento exemplar no envolvimento das pessoas, fiéis, vizinhos, habitantes daquele lugar. É mais uma maneira de trazer a Igreja ao mundo como Jesus Cristo queria. E é esse o papel da Igreja, sobretudo num bairro muito envelhecido, onde assim sempre se consegue levar um novo fôlego».

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 18.05.2016 | Atualizado em 25.04.2023

 

 
Imagem Rui Chafes | D.R.
O pároco «tem um comportamento exemplar no envolvimento das pessoas, fiéis, vizinhos, habitantes daquele lugar. É mais uma maneira de trazer a Igreja ao mundo como Jesus Cristo queria. E é esse o papel da Igreja, sobretudo num bairro muito envelhecido, onde assim sempre se consegue levar um novo fôlego»
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