

HappyLenses/Bigstock.com
«O saber científico foi durante longos séculos apanágio quase exclusivo dos homens e substancialmente vedado às mulheres»: é com esta constatação que se inicia o editorial da mais recente edição do suplemento “Mulheres Igreja Mundo”, publicado mensalmente pelo “L’Osservatore Romano”, jornal da Santa Sé.
A autora, Mariella Balduzzi, recorda que «só a partir da segunda metade de Oitocentos» é que se «começou a conceder às mulheres a possibilidade de aceder à instrução superior».
«Não é por acaso que a luta das mulheres para serem admitidas nas universidades se relaciona com a da emancipação feminina: é apenas no século XX que se assiste, com efeito, à entrada de um grande número de mulheres nas faculdades de ciências e de medicina».
É por este motivo que as mulheres que no passado se distinguiram foram «em grande maioria cultoras de disciplinas humanistas e raramente científicas», dado que é «difícil avançar no saber científico sem uma forte preparação específica e de fora das instituições universitárias».
«A história transmite-nos os nomes de poucas dezenas de mulheres cientistas na antiguidade, só uma dezena na Idade Média, sobretudo monjas, quase nenhuma entre 1400 e 1500, 16 no séc. XVI, 24 no séc. XVII, 108 no séc. XVIII», prossegue o texto.
No séc. XX o contributo das mulheres foi «notável», ainda que «não privado de obstáculos, e numerosas são as grandes cientistas cujo nome está ligado a descobertas de importância fundamental na física, na astrofísica, na informática, na medicina e na biologia, mas quanto mais se sobe na hierarquia científica, mais diminui a percentagem das mulheres».
Na Europa, «60 por cento dos investigadores em biologia é do sexo feminino, mas desta maioria apenas seis por cento chega a dirigir os laboratórios que contam», assinala.
«Mas aquelas que deixaram a sua marca, deixaram-na seriamente, não só do ponto de vista científico, mas também do ponto de vista humano, coisa que nem todos os cientistas masculinos souberam fazer», sublinha Mariella Balduzzi.