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José Tolentino Mendonça evoca Ernesto Cardenal no Dia Mundial da Poesia

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José Tolentino Mendonça evoca Ernesto Cardenal no Dia Mundial da Poesia

José Tolentino Mendonça vai evocar este sábado o poeta nicaraguense Ernesto Cardenal, no âmbito da programação que a Casa da América Latina preparou para assinalar o Dia Mundial da Poesia, que se celebra a 21 de março.

"Poesia e Transcendência aos 90 anos de Ernesto Cardenal", que compreende leituras e comentário, é o título da intervenção do padre e poeta, marcada para as 14h40, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (Sala Almada Negreiros).

Ernesto Cardenal Martínez (n. 1925) licenciou-se no colégio jesuíta Centroamérica, em Granada, onde nasceu, tendo depois passado a viver no México, onde entrou na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional Autónoma, sendo desse tempo a publicação dos seus primeiros poemas.

Doutorou-se na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e entre 1949 e 1950 viajou pela Europa, nascendo por estes anos outra das suas paixões artísticas, a escultura.

Em 1952 fundou uma pequena editora de poesia, e dois anos depois integrou um movimento armado que tentou assaltar o palácio presidencial, projeto que ficou conhecido como "A rebelião de abril".

No ano de 1957 decidiu tornar-se monje trapista e entrar no mosteiro de Nossa Senhora do Getsémani, no estado de Kentucky, EUA; Thomas Merton tornou-se o seu mestre, conselheiro espiritual e amigo.

Esteve dois anos no mosteiro beneditino de Cuernavaca, no México, continuando a escrever poesia. Em 1961 prosseguiu os estudos de Teologia no seminário de Ceja, na Colômbia, onde publicou as obras "Salmos" e "Oração por Marilyn Monroe".

Crítico do sistema capitalista e defensor da Teologia da Libertação, foi ordenado padre em 1965, em Manágua, e pouco depois fundou uma comunidade uma ilha do arquipélago de Solentiname, em que desenvolveu cooperativas e criou uma escola de pintura.

Colaborou estreitamente com a Frente Sandinista de Libertação Nacional, na Nicarágua, lutando contra o regime de Anastasio Somoza. A 19 de julho de 1979, dia da vitória da revolução em que tomou parte, foi nomeado ministro da Cultura, cargo que ocupou até 1987, quando o ministério encerrou por motivos económicos.

Foi na qualidade de ministro da Cultura que recebeu o papa S. João Paulo II, em 1983, juntamente com membros do governo, de que fazia parte outro sacerdote, responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros, que não esteve presente.

Cardenal ajoelhou-se diante de Karol Wojtyla, e este instou-o a regularizar a sua situação dentro da Igreja, momento gravado pelas câmaras de televisão e que correu mundo.

Foi suspenso "a divinis" (pena canónica de suspensão do exercício das ordens sacras) em 1985, pelo então responsável da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger, hoje o papa emérito Bento XVI.

Em 1994, o sacerdote abandonou o movimento sandinista, em protesto contra o autoritarismo no presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e fundou um movimento renovador, bem como a "Casa dos Três Mundos", instituição cultural de que é hoje presidente honorário.

Foi galardoado com o Prémio Iberoamericano de Poesia Pablo Neruda (2009), o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana (2012), e em 2013 tornou-se Oficial da Legião de Honra, condecoração outorgada pela França, entre outras distinções.

Entre as suas obras incluem-se "La ciudad deshabitada", "Getsemany Ky", " Oráculo sobre Managua", " Cántico Cósmico", " El verso del pluriverso" e "El evangelio en Solentiname".

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 20.03.2015 | Atualizado em 23.04.2023

 

 

 
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