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"Magnificat em talha dourada", obra sacra e profana de Eurico Carrapatoso, regressa à igreja

Imagem Eurico Carrapatoso | D.R.

"Magnificat em talha dourada", obra sacra e profana de Eurico Carrapatoso, regressa à igreja

A obra "Magnificat em Talha Dourada", do compositor português Eurico Carrapatoso, estreada há 17 anos, voltará a ser ouvida numa igreja no próximo dia 13 de dezembro, em Lisboa.

A partitura, que resulta da encomenda da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por ocasião dos seus 500 anos, foi concebida na aldeia do compositor, no distrito de Bragança, em julho de 1998, na companhia, como refere o autor, «da canícula e da maré vazia do tempo».

«O "Magnificat" é uma obra iluminada por sol maior, a tonalidade que sinto nas talhas douradas e nos espaços reverberantes de Deus. É uma homenagem ao Barroco, o estilo onde triunfa o movimento, a espiral inebriante, o concerto dos sentidos. Como é natural, o espírito de Bach ecoa, pairando sobre a obra tal como, no princípio, o espírito pairava sobre as águas», acrescenta Eurico Carrapatoso em palavras de 16 de novembro.

Ao «texto canónico em latim» foi acrescentado um conjunto de trechos ou tropos profanos em português que «têm uma temática afim, provindos do culto mariano popular sob a forma de cantos de romaria e de cantos populares natalícios».

«Devido a este cruzamento de referências e a esta miscigenação de gestos, a obra está cheia de folia estilística, qual tapeçaria de Arraiolos de múltiplas cores e padrões», explica.

Para assegurar a «unidade» da obra, a sua «arquitetura» é sustentada «em três grandes pilares firmados no princípio, no meio e no fim», em que se escuta «a inefável melodia popular alentejana de Natal, "Ó meu Menino", que confere à música não apenas um grande arco discursivo, assim como uma calma» característica da região.

«Este aspecto trinitário, altamente simbólico e onde se cruzam o sacro e o profano, colheu-me desde o princípio», assinala Eurico Carrapatoso, que em 2011 foi distinguido com a sétima edição do Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) em nome da Igreja católica em Portugal.

A «pessoalíssima gramática sonora» do autor nascido em 1962 «mergulha profundamente na tradição musical portuguesa, que tem, não raras vezes, uma origem ou motivação religiosa», referia a ata do júri.

Os jurados sublinhavam também «o diálogo» que Eurico Carrapatoso já estabelecia com escritores portugueses, como Sophia de Mello Breyner Andresen, Manuel Teixeira Gomes, Matilde Rosa Araújo, Alice Vieira e A.M. Pires Cabral, entre outros), a par da relação que mantinha «com a própria paisagem, tanto a geográfica como aquela mental» de Portugal.

Eurico Carrapatoso iniciou os estudos musicais na década de 80, tendo sido aluno de José Luís Borges Coelho, Fernando Lapa, Cândido Lima, Constança Capdeville e Jorge Peixinho, com quem concluiu, em 1993, o Curso Superior de Composição no Conservatório Nacional de Lisboa.

A obra, interpretada pelo Coro Musaico, com Beatriz Nunes (soprano), Isabel Gonzaga e Joana Amorim (flautas de bisel), Jaime Jacob e Débora Caracol (violinos), Magda Manuel (viola), Pedro Massarrão (violoncelo), Nuno Coroado (contrabaixo), Flávia Almeida Castro (cravo) e Tiago Marques (direção), pode ser escutada às 17h00, na igreja da Santa Catarina (Calçada do Combro).

 




 

Rui Jorge Martins
Publicado em 17.11.2015

 

 
Imagem Eurico Carrapatoso com o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes | D.R.
«O "Magnificat" é uma obra iluminada por sol maior, a tonalidade que sinto nas talhas douradas e nos espaços reverberantes de Deus»
A «pessoalíssima gramática sonora» do autor nascido em 1962 «mergulha profundamente na tradição musical portuguesa, que tem, não raras vezes, uma origem ou motivação religiosa»
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