"O Novo Testamento de Jesus Cristo Segundo João", filme que venceu o prémio "Árvore da Vida", atribuído pela Igreja católica, na edição de 2014 do festival de cinema IndieLisboa, vai ser distribuído no jornal "Público".

Os realizadores, Joaquim Pinto e Nuno Leonel, também responsáveis pela imagem, som e montagem, trabalharam numa nova masterização do filme, que será proposto para venda, em DVD, juntamente com a edição de 29 de dezembro do diário.

Os cineastas anunciaram também a intenção de fazer reverter para a Casa do Gaiato de Lisboa as receitas provenientes da venda do filme, à semelhança do que fizeram com os dois mil euros do prémio Árvore da Vida, atribuído pelos secretariados nacionais da Pastoral da Cultura e das Comunicações Sociais.

O primeiro capítulo do filme de 129 minutos, concluído em 2013, é acompanhado por imagens do local da gravação, ao ar livre, no campo, seguindo-se um bloco em que o espetador é imerso «no grão da voz» de Luís Miguel Cintra.

«Essa voz materializa-se na expressão, no gesto, na presença, no ritmo, na respiração, na pulsão do corpo do ator, que se transforma em veículo da materialização do texto. É esse dia de leitura, efetuada em continuidade desde o início da tarde até ao pôr do sol, que aqui documentamos», refere a sinopse do filme.

O filme, produzido pela "Presente", «abre as palavras e as imagens à recusa de todo o supérfluo e desnecessário. Necessidade, urgência, a de hoje, em se construir um filme assim, que se configura na essencialidade das imagens e das palavras», realça a declaração do júri do prémio Árvore da Vida.

«Para além do despojamento com que nos chegam, estas imagens e estas palavras são em si o justo peso e a rigorosa medida de si próprias e da sua possibilidade nesse espaço aberto, vital, que se estende diante de cada um de nós», assinala a declaração.

Joaquim Pinto encontra-se nestes dias em Madrid no âmbito de uma retrospetiva dos seus filmes e de Nuno Leonel; "O novo testamento de Jesus Cristo segundo João" foi exibido esta quinta-feira na Casa América, e para 12 de dezembro está agendada uma conversa com o público.

A finalidade da Casa do Gaiato é acolher, educar e integrar na sociedade, crianças e jovens que se viram privados de meio familiar normal.

Situado na vila de Santo Antão do Tojal, o palácio da Mitra, ou palácio dos Arcebispos, outrora propriedade do Patriarcado de Lisboa, bem como o jardim e a grande quinta do palácio, foram transformados em de 1946 no Lar de Acolhimento Casa do Gaiato, fundado pelo Padre Américo.

Em 2006, a instituição deixou de fazer parte da Obra de Rua, passando a ser dirigida pelo Patriarcado de Lisboa. Foi então transformada numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), tendo-se dado início ao processo de formar uma equipa técnica especializada.

A sobrevivência financeira é assegurada com a contribuição de ofertas de diversos tipos, como alimentos, vestuário, calçado, brinquedos e produtos de higiene, provenientes de entidades particulares e da comunidade em geral.

Os donativos monetários têm vindo a diminuir, o que inviabiliza a realização de obras para manutenção dos espaços, cada vez mais prementes.