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Papa apresenta a teólogos exemplo de idosa portuguesa «simples» com o «faro» da fé

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O papa apresentou esta sexta-feira aos membros da Associação Teológica Italiana o exemplo de uma idosa portuguesa, sublinhando a importância do “sensus fidei”, espécie de instinto que capacita o fiel a julgar, sem se basear sobretudo na razão, se ensinamentos ou práticas estão conformes ao Evangelho e à tradição apostólica.

«Recordo, uma vez, numa confissão, o diálogo que tive com uma anciã portuguesa que se acusava de pecados que não existiam, mas era muito crente. E eu fiz-lhe algumas perguntas, e ela respondia-lhes bem. E no fim tive vontade de lhe dizer: “Diga-me, minha senhora, estudou na [Universidade] Gregoriana?”», disse Francisco.

Tratava-se de «uma mulher simples, simples, mas tinha o “faro”, tinha o “sensus fidei”, que na fé não pode errar», apontou o papa na intervenção que proferiu, no Vaticano, à instituição que em 2017 assinalou 50 anos e que conta com mais de 330 membros.

Para Francisco há pessoas «muito simples que sabem aguçar os “olhos da fé”», e é nessa «fé viva do santo povo fiel de Deus que cada teólogo deve sentir-se mergulhado e da qual deve saber-se também sustentado, transportado e abraçado».



Entre os temas que a teologia é chamada a estudar estão a «crise ecológica», o «desenvolvimento das neurociências ou das técnicas que podem modificar o homem», as «cada vez maiores desigualdades sociais», as «migrações»



«Para se ser autenticamente crente não é necessário ter realizado cursos académicos de teologia. Há um senso das realidades da fé que pertence a todo o povo de Deus, inclusive de quantos não têm especiais meios intelectuais para o exprimir, e que pede para ser intercetado e escutado», declarou.

Este conhecimento que decorre da fé e se assume como espontâneo e natural não elimina o facto de que haja sempre a necessidade do trabalho teológico específico», para que se possa percorrer o caminho que vai do crer ao inteligível.

«É uma exigência da plena humanidade dos próprios crentes, antes de tudo, para que o nosso crer seja plenamente humano e não fuja à sede de consciência e de compreensão, a mais profunda e ampla possível, daquilo que cremos», vincou Francisco.

A investigação teológica é também «uma exigência da comunicação da fé, para que se manifeste sempre e em todo o lado que ela não só não mutila aquilo que é humano, mas apresenta-se sempre como apelo à liberdade das pessoas».

«Para que a Igreja possa continuar a fazer ouvir o centro do Evangelho às mulheres e aos homens de hoje, para que o Evangelho chegue verdadeiramente às pessoas na sua singularidade e para que permeie a sociedade em todas as suas dimensões, é imprescindível a tarefa da teologia, com o seu esforço de repensar os grandes temas da fé cristã no interior de uma cultura profundamente mudada», afirmou o papa.



«Não perder a capacidade de se espantar; fazer teologia no espanto. O espanto que nos traz Cristo, o encontro com Cristo. É como o ar no qual a nossa reflexão será mais fecunda»



A Igreja precisa de uma teologia «que ajude todos os cristãos a anunciar e a mostrar, sobretudo, o rosto salvífico de Deus, o Deus misericordioso, especialmente à vista de alguns desafios inéditos que envolvem hoje o humano».

Entre os temas que a teologia é chamada a estudar estão a «crise ecológica», o «desenvolvimento das neurociências ou das técnicas que podem modificar o homem», as «cada vez maiores desigualdades sociais», as «migrações» e o «relativismo teórico» e «prático».

Para responder a estes reptos, a teologia deve ser feita por cristãos «que não pensem em falar somente entre eles, mas saibam estar ao serviço das diferentes Igrejas e da Igreja», assumindo ao mesmo tempo a missão de «repensar a Igreja para que seja conforme ao Evangelho que deve anunciar».

Depois de alertar para os perigos de uma teologia feita de maneira «individualista», «particularista ou, pior ainda, numa lógica competitiva», Francisco salientou que a investigação teológica deve situar-se numa comunidade «o mais ampla possível», na qual estão presentes «laços de solidariedade e também de amizade autêntica».

«Não perder a capacidade de se espantar; fazer teologia no espanto. O espanto que nos traz Cristo, o encontro com Cristo. É como o ar no qual a nossa reflexão será mais fecunda. E repito ainda outra coisa que disse: o teólogo é aquele que estuda, pensa, reflete, mas fá-lo de joelhos», vincou o papa.



 

SNPC
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Publicado em 30.12.2017 | Atualizado em 20.04.2023

 

 
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