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Papa dedica à Europa prémio recebido pela defesa do ser humano com dignidade transcendente

Imagem Papa Francisco | D.R.

Papa dedica à Europa prémio recebido pela defesa do ser humano com dignidade transcendente

O papa aceitou receber de forma «excecional» o Prémio Carlos Magno, atribuído pela cidade alemã de Aachen a personalidades que se distinguiram pelo seu papel a favor dos valores europeus.

O texto de justificação do Prémio cita um excerto do discurso que Francisco proferiu ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a 24 de novembro de 2014, quando encorajou os cidadãos do Velho Continente a «voltar à firme convicção dos Pais fundadores da União Europeia, que desejavam um futuro assente na capacidade de trabalhar juntos para superar as divisões e promover a paz e a comunhão entre todos os povos».

«No centro deste ambicioso projecto político, estava a confiança no homem, não tanto como cidadão ou como sujeito económico, mas no homem como pessoa dotada de uma dignidade transcendente», frisou o papa.

No fim da alocução, igualmente citada na justificação da atribuição, Francisco, o terceiro não-europeu a receber o Prémio Carlos Magno, sublinhou que tinha chegado a hora de construir a Europa «que gira, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis».

«Chegou o momento de abandonar a ideia de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a Europa que assiste, defende e tutela o homem; a Europa que caminha na terra segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade», concluiu então o papa, em excerto recordado agora pelo júri do Prémio.

Os 17 jurados saúdam também o apelo do papa aos eurodeputados para que colocassem «os ideais dos pais fundadores da Europa no coração das suas atividades» e recordam que a primeira viagem fora de Roma após ter sido eleito, em julho de 2013, teve Lampedusa por destino, porta de entrada para centenas de milhares de migrantes.

«Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de "padecer com": a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar», acentuou Francisco na homilia da missa a que presidiu na ilha italiana, extrato também citado pelo júri.

Francisco, que de acordo com declarações prestadas hoje pelo porta-voz do Vaticano, «nunca aceitou prémios nem graus honoríficos dedicadas à sua pessoa», decidiu abrir uma exceção porque considerar que a distinção favorece a concórdia entre países.

«Neste tempo em que vemos estes graves riscos que existem para a paz no mundo - ele fala muitas vezes da Terceira Guerra Mundial em pedaços -, o papa considera que falar da paz, encorajar a agir pela paz, é fundamental», afirmou o padre Federico Lombardi à Rádio Vaticano.

O Prémio é interpretado pelo papa «não tanto como alguma coisa que lhe é dada a si mesmo para o honrar, mas como ocasião de uma nova mensagem de compromisso pela paz, dedicada e dirigida a toda a Europa, que é um continente que deve construir e continuar a construir a sua paz no seu interior, e ser ativo, ter um grande papel pela paz no mundo», acrescentou o responsável.

A distinção, que Francisco receberá em Roma, em data a definir, consiste na entrega de cinco mil euros, um diploma e uma medalha que retrata Carlos Magno (742-814) no trono, imagem obtida do selo mais antigo de Aachen, a cidade mais ocidental da Alemanha, junto à fronteira com a Bélgica e a Holanda, onde o imperador de grande parte da Europa passou muitos invernos e onde morreu.

Em 1949, um grupo de cidadãos de Aachen, a primeira grande cidade da Alemanha ocidental a ser libertada do regime nazi pelos Aliados, no outono de 1944, tirou partido do simbolismo ligado à aproximação do Natal e do Ano Jubilar (1950), que tinha sido anunciado pelo papa, para sugerir um prémio a atribuir anualmente para a mais valiosa contribuição para o entendimento no interior da Europa ocidental.

O papa S. João Paulo II, Andrea Ricciardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, e o irmão Roger, fundador da comunidade ecuménica de Taizé, foram algumas das personalidades distinguidas desde que o prémio começou a ser atribuído, em 1950.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 23.12.2015 | Atualizado em 20.04.2023

 

 

 
Imagem Papa Francisco | D.R.
«Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de "padecer com"»
O Prémio é interpretado pelo papa «não tanto como alguma coisa que lhe é dada a si mesmo para o honrar, mas como ocasião de uma nova mensagem de compromisso pela paz, dedicada e dirigida a toda a Europa»
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