No mundo de hoje envolto em sombras, o ser humano procura uma referência que abra uma abertura, uma âncora de esperança que impeça o naufrágio. E entre tantas falsas certezas que promete ilusórias panaceias, a Palavra de Deus impõe-se como a única capaz de dar consolação e esperança.
Esta convicção encontra confirmação exemplar no novo livro "La luce della Parola. Il Vangelo di Giovanni letto dal Papa" ("A luz da Palavra. O Evangelho de João lido pelo papa", organizado por Alessandra Peri, lançado em setembro em Itália, pela editora Castelvecchi.
Neste livro de 188 páginas, Francisco explica e comenta, passo a passo, o quarto Evangelho, depois de já ter publicado, na mesma editora, as obras "A alegria da misericórdia", "A surpresa da fé" e "O caminho da esperança", referentes à leitura que faz, respetivamente, dos Evangelhos segundo Lucas, Mateus e Marcos.
No volume agora publicado, o papa sublinha a importância de colocar no centro da vida as Escrituras, porque quem as sabe interpretar na sua verdadeira essência pode encontrar os traços do divino no mundo.
«A nossa vida é por vezes semelhante à do cego que se abriu à luz, que se abriu a Deus, que se abriu à sua graça», enquanto, outras vezes, ela é semelhante à dos doutores da Lei: «Do alto do nosso orgulho julgamos os outros, e até o Senhor», escreve Francisco.
Cada leitor é convidado a abrir-se à luz de Cristo para levar fruto à sua existência, e assim «eliminar os comportamentos que não são cristãos», percorrendo «o caminho da cegueira à luz», como é narrado pelo Evangelho joanino no nono capítulo.
O Evangelho segundo João é «por muitos considerado o mais belo, por outros o mais complexo», salienta a nota de apresentação do livro.
«O que representa para nós a Luz que vem ao mundo, que desce para iluminar as trevas? Como devemos fazer para reconhecer a cada dia o Verbo nos outros homens, nos últimos, em toda a criação?», questiona a sinopse.
Francisco, «com simplicidade», reflete no «grande mistério que está no coração da fé» e «atualiza» o seu «significado», colocando a palavra de Jesus «no centro do caminho espiritual de cada cristão».
In "L'Osservatore Romano", 1.10.2016