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Papa Francisco reitera necessidade do diálogo entre culturas

Imagem Matteo Ricci (esq.) e Ricci Guangqi | Kircher, Athanasius, 1602-1680 | Licenciado sob CC BY-SA 3.0 via Commons

Papa Francisco reitera necessidade do diálogo entre culturas

O papa sublinhou esta quinta-feira a necessidade de aprofundar as pontes entre culturas e religiões, por ocasião do congresso internacional sobre o jesuíta Matteo Ricci, que termina hoje em Macerata, Itália.

No telegrama enviado a D. Nazzareno Marconi, bispo diocesano, o papa, por intermédio do Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, expressa o seu apreço pela iniciativa que visa aprofundar a atividade missionária e cultural do religioso natural de Macerata e «amigo do querido povo chinês», revela a Sala de Imprensa da Santa Sé.

Francisco manifesta o desejo de que a evocação de um «homem tão entregue à Igreja, atento às mudanças sociais e empenhado em tecer relações entre a cultura europeia e chinesa, reafirme a importância do diálogo entre as culturas e as religiões no respeito mútuo e na perspetiva do bem comum».

Entre os temas do congresso, que conta com o apoio do departamento "Hanban", do Ministério da Educação da China, para a difusão da língua e cultura chinesas, incluem-se intervenções sobre o dicionário português-chinês de Michele Ruggeri e Matteo Ricci, a par de estudos sobre a cartografia e a linguagem.

O programa abrange igualmente a análise das repercussões da filosofia chinesa recolhida pelos jesuítas na história da filosofia europeia, bem como a relação entre as interpretações do religioso sobre os "Diálogos de Confúcio" e as três primeiras traduções da obra, a cargo da Companhia de Jesus.

Matteo Ricci nasceu a 6 de outubro de 1552, tendo sido ordenado padre e investigador de matemática e astronomia antes de partir para o Extremo Oriente, aos 26 anos. Passou quatro anos em Goa, antes de viajar para a China, onde aprendeu a língua local.

Os seus conhecimentos revolucionaram a percepção que aquele país tinha do resto do mundo. Em 1601 foi-lhe concedida permissão para entrar na Cidade Proibida de Pequim, onde trabalhou até à morte, em 1610.

«Dotado de profunda fé e de extraordinário talento cultural e científico, [Ricci] dedicou longos anos da sua existência a tecer um diálogo profícuo entre o Ocidente e o Oriente, conduzindo contemporaneamente uma incisiva acção de radicação do Evangelho na cultura do grande Povo da China. O seu exemplo permanece também hoje um modelo de proveitoso encontro entre as civilizações europeia e chinesa», escreveu Bento XVI em 2009.

O missionário foi um «modelo de diálogo e de respeito pelas crenças dos outros», tendo feito «da amizade o estilo do seu apostolado», ao mesmo tempo que procurava «conhecer cada vez mais as tradições da China», sublinhou o papa emérito em mensagem publicada por ocasião do início das celebrações evocativas do quarto centenário da morte de morte de Matteo Ricci.

«Não obstante as dificuldades e as incompreensões que encontrou, o Padre Ricci, quis manter-se fiel, até à morte, a este estilo de evangelização, atuando, poder-se-ia dizer, uma metodologia científica e uma estratégia pastoral baseadas, por um lado no respeito pelos costumes sadios do lugar que os neófitos chineses não deviam abandonar quando abraçavam a fé cristã, e por outro, na consciência de que a Revelação podia valorizá-los e completá-los ainda mais. E foi precisamente a partir destas convicções que ele, como já tinham feito os Padres da Igreja no encontro do Evangelho com a cultura greco-romana, delineou o seu clarividente trabalho de inculturação do Cristianismo na China, procurando um entendimento constante com os doutos daquele país», apontou Bento XVI.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 19.04.2023

 

 
Imagem Matteo Ricci (esq.) e Ricci Guangqi | Kircher, Athanasius, 1602-1680 | Licenciado sob CC BY-SA 3.0 via Commons
Matteo Ricci foi um «modelo de diálogo e de respeito pelas crenças dos outros», tendo feito «da amizade o estilo do seu apostolado», ao mesmo tempo que procurava «conhecer cada vez mais as tradições da China»
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