O papa afirmou hoje, na missa a que presidiu, no Vaticano, que «um cristão que não caminha, que não se faz à estrada, é um cristão não cristão», é um cristão meio «paganizado», que «está parado, não vai para a frente na vida cristã, não faz florir as bem-aventuranças na sua vida, não faz as obras de misericórdia».
«Desculpai-me a palavra, mas é como se fosse uma “múmia”, uma “múmia espiritual”. E há cristãos que são “múmias espirituais”. Parados. Não fazem mal mas não fazem bem», declarou na homilia, citada pela Rádio Vaticano.
Francisco prosseguiu a caracterização dos cristãos face a Cristo, que no Evangelho proclamado nas missas desta terça-feira (João 14, 6-14) diz de si próprio que é «o caminho, a verdade e a vida».
O cristão obstinado, por seu lado, vive na «tragédia de ser teimoso»: «Ele diz “este é o caminho”» e não deixa que Deus o contrarie e lhe diga: «“Volta atrás e retoma o verdadeiro caminho”», apontou o papa.
Há também os cristãos «que caminham mas não sabem para onde vão»: «São errantes na vida cristã, vagabundos. A sua vida é andar para lá e para cá, e assim perdem a beleza de se aproximarem a Jesus na vida de Jesus».
Como «não têm bússola», perdem a rota e o seu deambular «transforma-se num labirinto» do qual «não sabem como sair», acrescentou.
Outros, continuou Francisco, «são seduzidos por uma beleza, por uma coisa, e param a meio caminho, fascinados por aquilo que veem, por aquela ideia, por aquela proposta, por aquela paisagem... E param. A vida cristã não é um fascínio: é uma verdade».
«[O] caminho cristão que iniciei no Batismo, como vai? Está parado? Errou o caminho? Estou continuamente em andamento e não sei para onde ir espiritualmente? Detenho-me diante das coisas que me dão prazer, a mundanidade, a vaidade, [ou vou] sempre para a frente», tornando «concretas as bem-aventuranças e as obras de misericórdia?», questionou.
Rui Jorge Martins