O papa Francisco expressou hoje o desejo de uma presença mais relevante das mulheres na Comissão Teológica Internacional, e realçou que saber ouvir deve ser uma das mais importantes qualidades dos seus membros.
«No âmbito da cada vez mais diversificada composição da Comissão, desejaria notar a maior presença das mulheres – ainda não muita... são a cereja no topo do bolo, mas é preciso mais –, presença que se torna convite a refletir no papel que as mulheres possuem e devem ter no campo da teologia», afirmou o papa, citado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Francisco citou a exortação apostólica que assinou, “A alegria do Evangelho”, em que se refere que «a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens».
No mesmo número (103), o papa refere que vê com «prazer» como muitas mulheres «prestam novas contribuições para a reflexão teológica», ainda que seja «preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja».
«Convido-vos, portanto, a extrair o melhor aproveitamento desta contribuição específica das mulheres para a inteligência da fé», disse Francisco na audiência aos participantes na assembleia plenária da Comissão Teológica Internacional, que conta com cinco mulheres num total de 30 membros.
Para Francisco, a missão dos membros da Comissão «pressupõe não só competências intelectuais, mas também disposições espirituais»: «Entre estas últimas, desejo chamar a vossa atenção para a importância da escuta».
«O teólogo é antes de tudo um crente que escuta a Palavra do Deus vivo e a acolhe no coração e na mente. Mas o teólogo deve colocar-se também humildemente à escuta “do que o Espírito diz às Igrejas”», como se lê no livro do Apocalipse, o último da Bíblia, apontou.
O perito em teologia, juntamente com todos os cristãos, «abre os olhos e os ouvidos aos “sinais dos tempos”. É chamado a “ouvir atentamente, discernir e interpretar as várias linguagens do nosso tempo, e sabê-las avaliar à luz da Palavra de Deus”», sublinhou Francisco, citando a constituição “Gaudium et spes”, do Concílio Vaticano II (1962-1965).
A «diversidade dos pontos de vista» dentro da Comissão, que tem quase tantas nacionalidades como membros, «deve enriquecer a catolicidade sem ser prejudicial à unidade», declarou o papa.
«A partir deste fundamento, e num pluralismo sadio», as perspetivas teológicas que se desenvolvem «em contextos culturais diferentes e com diversos métodos utilizados», não podem «ignorar-se», mas «no diálogo teológico deverão enriquecer-se e corrigir-se reciprocamente», acrescentou Francisco.
O principal objetivo da Comissão Teológica Internacional, instituída em 1969 pelo papa Beato Paulo VI, é ajudar a Santa Sé, nomeadamente a Congregação para a Doutrina da Fé, de que depende, «no exame de questões doutrinais de maior importância», lê-se na página do departamento.
Composta por «teólogos de diversas escolas e nações, eminentes por ciência e fidelidade ao Magistério da Igreja», a Comissão tem até três dezenas de membros, nomeados pelo papa durante cinco anos, na sequência de proposta do cardeal que preside à Congregação para a Doutrina da Fé –o alemão Gerhard Müller -, e depois de consulta às Conferências Episcopais.
Trad. / edição: Rui Jorge Martins