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Papa Wemba: Católico e «grande amigo» da Rádio Vaticano morre no palco

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Papa Wemba: Católico e «grande amigo» da Rádio Vaticano morre no palco

«Este monumento de África amou tanto a sua música que partiu servindo-a»: foi com estas palavras que o futebolista camaronês Samuel Eto’o se referiu à morte da estrela congolesa Papa Wemba, este domingo, em pleno concerto.

Eram três horas da madrugada quando o cantor de 66 anos que testemunhava publicamente a sua fé católica, reforçada após um período de detenção, desfaleceu durante uma exibição em Abidjan, capital da Costa do Marfim, acabando por morrer pouco depois.

Papa Wemba, nome artístico de Jules Shungu Wembadio, renovou a rumba africana ao longo dos quarenta anos de carreira, e a sua notoriedade ultrapassou as fronteiras do país onde nasceu.

O «rei da rumba do Congo», que se apresentou em Lisboa no ano de 1999, atuou com celebridades como Stevie Wonder ou Peter Gabriel, que produziu três discos seus, recorda o jornal "Público".

Em entrevista a uma rede de televisão católica francesa, Papa Wemba revelou que tinha recebido a fé cristã através dos pais, protestantes, e frequentado uma escola católica. «A minha mãe incitava-me a ir à missa todas as manhãs», afirmou. A sua voz foi forjada nos coros da igreja.

Na canção “Numéro d’écrou”, incluída no seu álbum “Somo trop”, Wemba contaca que a sua condenação, em 2004, por um tribunal francês, a 30 meses de prisão, o tinha aproximado de Deus. O cantor foi acusado de colaborar na permanência irregular de clandestinos em França, obtendo dinheiro em troca de autorizações de permanência, obtidas com o pretexto de que as pessoas favorecidas eram seus músicos.

«Da minha cela, ouvi Jesus e reconheci que Ele era o meu rei», afirmou em 2003, noutra entrevista, Papa Wemba. Noutra ocasião, declarou que «o homem africano compreende melhor a fé do que o homem ocidental porque sofreu muito mais. Ele sofreu a injustiça, a independência, o esclavagismo».

No ano de 2011, a Rádio Vaticano, órgão oficial da Santa Sé, publicou o álbum “Afrika tenda amani” (África, faz a paz), em suaíli, disco que acompanhava a exortação pós-sinodal “Africa munus”, sobre a ação da Igreja no continente, e que contou com a participação de Wemba.

A proximidade do artista ao Vaticano foi reforçada em novembro do mesmo ano, em Cotonou, aquando da viagem de Bento XVI ao Benim: o concerto que apresentou, à chegada do papa, retomava os principais temas do documento: a reconciliação, a justiça e a paz.

«Papa Wemba foi um grande amigo da Rádio Vaticano», lê-se na notícia da sua morte apresentada na página da emissora. «Prestamos homenagem a este grande artista-músico, que vai fazer falta ao seu país, a República Democrática do Congo, mas também a África e ao mundo. E como se diz: não se chora a morte de um herói, mas celebra-se a sua vida».

 

"La Croix", Rádio Vaticano
Redação: Rui Jorge Martins
Publicado em 26.04.2016 | Atualizado em 19.04.2023

 

 
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«Papa Wemba foi um grande amigo da Rádio Vaticano», lê-se na notícia da sua morte apresentada na página da emissora. «Prestamos homenagem a este grande artista-músico, que vai fazer falta ao seu país, a República Democrática do Congo, mas também a África e ao mundo»
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